Quem é o Buda da Medicina? O Guardião Ancestral da Cura Revelado!

O Senhor da Luz Lápis-Lázuli:

Pouco importa se você escreve Buda, Budha ou Buddha, pois a palavra se perde no tempo entre escritas e pronúncias completamente diferentes.

Pouco importa se você se refere à alguem que existiu e é dito que atingiu este nível, ou à um ser que é uma representação arquetípica, uma parte infinita dessa Luz, que é deificação desde o início dos tempos sem espaço.

O que importa é que você saiba que existem Tradições que tratam estes seres como “personas”, como reais existências do sagrado traduzido em símbolo, consciências reais e disponíveis; essa é a visão do Budismo Esotérico, entre outros (como o budismo “terra pura”).

Você também precisa saber que existem caminhos de Dharma (que habituamos em chamar de budismos) onde estes seres são tidos como uma parte da consciência universal, da qual nós fazemos parte também, e por isso nem se dá importância à seu culto ou existência consciencial, ou se podem ser acessados por nós (é assim no budismo Chan e vários outros).

Independente de tudo isso temos uma figura que é quase unanimidade em todos os tipos de “budismo”, e dessa vez eu não me refiro à unânime, maravilhosa e onisciente Kuan Yin, mas ao senhor da Luz Lápis-Lázuli:

Sangye Menla, o Buda da Medicina em imagem do monastério de Shigatse, Tibete – China

Sangye Menla é seu nome em tibetano (é como eu chamo); Bhaiṣajyaguru é o nome sânscrito; Yao Shi Fo (药师佛) é como se chama em mandarim, e Yakushi Nyorai é como se chama no Japão. Você pode chamar ele de Buda da Medicina.

Quando era bem mais novo, em minha primeira escola iniciática (Arca da Montanha Azul), que eu comecei a participar ainda com dezoito anos, fazíamos chamadas e Mantras ao Buda da Medicina, mas eu não fazia ideia de sua iconografia, apesar de trabalhar bem nessa energia.

Meu primeiro contato com a simbologia do buda da medicina foi acontecer depois, quando eu já tinha vinte e dois anos.

Há pouco mais de doze anos atrás eu estava em um templo muito famoso, o Yonghegong, ou Lama Temple, na capital chinesa. Quando saí de uma pagoda (como se chamam as capelas no budismo devocional) um monge que estava na porta me parou e entregou um cartão com uma imagem linda:

A imagem fotografada, guardo até hoje.

Ele falou comigo, mas eu ainda não entendia nada de chinês na época. Acho que ele ficou curioso, pois eu devia estar “rezando” lá com cara de mártir, herança de minha infância cristã e resultado de morar fora do país lutando para aprender uma língua dificílima.

Mudar de país é uma mudança de paradigma, e não só de local geográgico. Envolve cultura, família, renúncias, adaptação, fantasias, desilusões e muita solidão.

Se você tem medo de solidão, ou se desespera com as mudanças da vida de uma fase para outra, ou pior ainda, está na ilusão de que vai ter uma vida afetiva melhor em determinado lugar, ser mais aceito ou mais valorizado, porque ouviu dizer ou viu um vídeo, eu advirto: nunca tente mudar de país.

Se você tiver sensitividade como eu, saiba que o lado obscuro da sensitividade é o sentimentalismo, e eu não me eximo deste mal, pelo contrário, nasci com os dois pés nessa lama.

Tenho dificuldade até de viajar à trabalho por algumas semanas (nunca deixe as dificuldades ditarem sua vida, porque essa é a definição de uma pessoa “azarada”), o que dirá sobre mudanças bruscas e irreversíveis, e eu estava passando por uma.

Peguei a imagem e levei para “casa”. Já faz anos de aprendizado, mas principalmente de contato (que é o que importa) com seres espirituais que trabalham na linha do Buda da Medicina, todos com a cara de Sangye Menla.

O Buda da Medicina não é o Buda dos médicos, isso é uma perda de tradução, porque em português não temos algo melhor para definir a substância que causa mudança e cura. Ele é muito mais que isso.

Medicina é tudo aquilo que cura. No xamanismo, de onde veio parte original de Sangye Menla (da mistura de budismo e xamanismo nepal-tibete), a medicina é o divino colocado na natureza e a base da prática xamânica de reconexão com o sagrado (religião).

Quando a natureza expressa algo sagrado e benéfico, aquilo se torna um instrumento de cura, seja para o corpo, mente ou alma (ou todos). É por isso que chamam Ayahuasca, Rapé e várias outras naturezas divinas de medicina.

A medicina é a parte da natureza (ela que por tantas vezes é imprevisível, assustadora e cruel) que nos é benéfica e pode nos ajudar no nosso caminho de evolução, ou Dharma. A medicina é a natureza que se alia à nós. É sagrada.

O Buda da Medicina, portanto, é aquele que traz o sagrado para curar e recriar sob a luz dhármica da evolução. Ele é o que traz a reconstrução, simboliza o renascimento e regeneração.

Vamos falar mais do trabalho do Buda da Medicina na espiritualidade, mas antes vamos à algo muito importante, o estudo de sua simbologia, pois como dizia mestre Kukai (o fundador do budismo esotérico sino-japonês Shingon):

”O símbolo é o único caminho de transmissão do dharma. O dharma não pode ser passado por palavras nem comparações”.

É importante notar que o budismo esotérico, só é esotérico (iniciático e ocultista) porque se baseia principalmente em Shaktipata. Não se assuste com este palavrão lindo, Shaktipata significa simplesmente “transmissão da energia”.

Essa energia pode ser passada por um texto (o budismo foi introduzido à China por pergaminhos traduzidos), pelo encontro com um instrutor, pelo contato direto com a deidade, mas principalmente pela compreensão de símbolos atemporais, que quando reconhecidos na vida pessoal fazem sentido, tomam forma e desbloqueiam ensinamentos impagáveis.

Simbologia do Buda da Medicina:

O Buda da Medicina geralmente é representado sentado em posição de meditação (asana), o que significa a estabilidade e observância mental que ele possui.

Mandala de Budhas: Aqui Sangye Menla aparece no centro, com o corpo azul, ele é todo a Medicina Sagrada de todos os Budhas.

Geralmente ele está no meio de uma mandala, seja rodeado por outros budhas e seres divinos, ou por uma mandala de luz.

Se digo “geralmente” é porque na China se pensou que a imagem de um ser que traz a cura deveria estar de pé e em movimento, e por isso o buda da medicina ganhou várias imagens de pé, andando, como quem vem ao nosso encontro.

Imagem chinesa do Buda da Medicina em pé.

A China tem toda uma relação com o Buda da Medicina, pois é o país onde mais existem variações de imagens dele. Isso se deve ao fato de que, assim como Amidabha e Kuan Yin, ele foi rapidamente incorporado aos cultos populares e animistas, que deixavam de lado o academicismo seco que parasita o budismo por milênios.

Na China, o Buda da Medicina aparece de pé, sentado, colorido em azul, sem cor (branco) mas emanando luz azul, vestido de azul, de lilás com azul…enfim, a inocografia é vasta.

Algumas vezes, na China, ele também traz uma pagoda em suas mãos, representando todos os dez mil budas das três dimensões. Significa que ele traz a luz de todos estes budas, pois ele é a emanação curativa de cada um deles.

Mais uma variação chinesa: O Buda da Medicina com a pagoda nas mãos.

Tirando estas variações, na imagem tradicional o Buda da Medicina aparece trazendo um vaso do néctar medicinal em sua mão esquerda. Este néctar representa a transformação, renascimento, recuperação. E sim, o néctar também é azul.

Em sua mão direita ele traz um galho (ou uma muda) de myrobalan, uma árvore que é tida por medicina natural e sagrada dos Himalaias. Esta planta do tipo Terminalia Chebula tem poderes curativos.

A cor azul deve ser sempre predominante em sua mandala, ou as variações do azul. Em diversas Tradições o Buda da Medicina é representado com a pele cor azul (lápis-lázuli), em outras ele é apenas esverdeado.

Quando o Buda da Medicina aparece esverdeado ele é associado à Jóia do Oceano, representando a capacidade de purificação da água, uma das características deste ser.

A cor azulada lápis-lázuli é tida nas Tradições orientais como a cor da cura, mas em algumas Tradições mais modernas essa coloração de melhora e regeneração também ficou associada à cor verde.

No Japão, o Buda da Medicina teve como início de seu culto devocional o século VII, e era invocado em casos de Ritos Memoriais, em honra à espíritos desencarnados, o que é muito interessante, pois já vamos falar da relação do Buda da Medicina com o encaminhamento dos espíritos.

Com o advento do budismo esotérico japonês vindo da China no século XI-XII, Yakushi Nyorai (Sangye Menla, o buda da medicina em japonês) se tornou a deidade mais ritualizada e aclamada em diversas regiões, mais até que Kannon (Kuan Yin) e Dainichi Nyorai (o buda sol).

Outra variação simbólica do extremo oriente é a presença de seus dois “auxiliares” aos seus pés. Estes auxiliares são os irmãos Suryaprabha e Chandraprabha em sânscrito, que em chinês são Ri Zhao e Yue Zhao. Prabha é o sâscrito para luz, e os nomes significam literalmente “luz da lua” (feminino) e “luz do sol”(masculino), em todas as línguas e traduções.

A capacidade transmutadora do Buda da Medicina é representada em seus dois “ajudantes” que são deidades “menores” emanadas dele próprio. Pois a luz do Sol e da Lua são a capacidade de brilhar em todos os lugares, ou iluminar o dia e a noite e transformar um em outro.

O Buda da Medicina com seus dois auxiliares, Suryaprabha e Chandraprabha.

O rosto do Buda da Medicina traz um olhar sereno com os olhos semi-abertos, significando que vê o que está fora e o que está dentro de si, e um sorriso que significa a bem-aventurança, a superação das coisas de fora, a harmonização com as coisas de dentro, aquisição máxima na prática meditativa.

Muitos budas e bodhisatvas trazem este olhar e existem práticas meditativas que procuram emular a postura e a expressão destes seres.

Como já dizemos em sua imagem segurando uma pagoda, ele é a “emanação de todos os budas”; poderíamos contar milhares de diferentes “budas da medicina”, cada um simbolizando a parte curadora de um buda diferente, mas no fim todos são apenas um, pois eles são tudo no todo.

Um arquétipo não precisa de pluralidade, então juntamos todos num único ser, que eu chamo pelo nome tibetano de Sangye Menla, e que pode se manifestar de milhares de formas.

É por isso que existem milhares de histórias diferentes em sutras diversos de Tradições que trazem origens diferentes para o Buda da Medicina, dependendo do Buda que ele representa (a parte de cura daquele Buda).

Por exemplo, entre muitas, existe a história de que ele surgiu da iluminação do Buda Shakyamuni (sidharta gautama), mas também muitas outras, como a história narrada no sutra chinês Yao Shi Jing Shu (药师经疏) de uma de suas primeiras manifestações.

Os comentários deste valioso sutra das mais antigas Tradições chinesas conta que no tempo do Buda Dipankara (que viveu há centenas de milhares de anos atrás, e não necessariamente na terra como conhecemos hoje), existia um rei-deus chamado Brahman.

Com certeza você conhece esse nome, e não, não tem a ver com cerveja. Brahman é simplesmente “Deus” em seu significado mais amplo. Brahman teria atingido a iluminação, mas mudado seu nome no processo para Yao Wang (Rei da Medicina), e de seu casal de filhos para Ri Zhao e Yue Zhao (luz do sol e luz da lua).

Eles se iluminaram junto com Dipankara se tornando um único Buda, o que gerou a emanação de Dipankara como possivelmente o primeiro registro (em sutras) de um Buda da Medicina.

Claro, esta narrativa é esotérica, não tem a pretensão de ser uma narrativa histórica, e eu sei que falo isso toda vez que apresento um buda ou deidade do budismo esotérico por aqui…

É que me dá arrepios de pensar que um leitor do Mente Magicka possa confundir isso como registro histórico, o que é muito comum ao se ler textos esotéricos sem uma mente esotérica. Temos um hábito milenar de fazer isso no Ocidente, como com a famosa bíblia, por exemplo, então é sempre bom avisar.

Quando subi o Monte Wutai (tem videos disso no meu Instagram), vi uma imagem do Buda da Medicina todo em dourado, apenas com roupa e o vaso de medicina azuis numa parede do Pu Sa Ding (o templo que fica no topo do pico central da montanha).

Como o Monte Wutai é o berço do budismo esotérico da China (e por isso também do Japão), essa imagem é milenar, e deve ter um simbolismo todo próprio.

O que eu sei sobre isso é apenas que a representação dele com pele dourada é a junção do Buda da Medicina com a luz da lua e do sol em um só ser. A simbologia dele é muito vasta e rica.

Espiritualismo e o Buda da Medicina

Como mencionamos antes, o Buda da Medicina está muito presente no espiritualismo, e isso não é uma novidade, pois ele teve um culto popular estabelecido tanto na China quanto no Japão, assim que sua imagem foi introduzida.

É claro que poderíamos dizer que uma força que represente capacidades de cura, regeneração e saúde de todas as formas seja realmente um prato cheio para cultos populares, mas isso seria cínico.

Nada sobrevive sem fundamento, e o culto ao Buda da Medicina é milenar porque funciona.

Funciona porque existe de fato toda uma força espiritual muito antiga relacionada à sua iconografia e aos seus nomes.

Mesmo que muitos tipos de “budistas” neguem a parte devocional no dharma, qualquer noiado com alguma experiência mágicka e que junte dois com dois, vai saber que milhares de anos de pessoas mantrando, rezando, agradecendo e se baseando numa fé, são mais que suficientes para criar toda uma egrégora espiritual.

A egrégora do Buda da Medicina tem diversas entidades poderosas que trabalham com a força de cura para muitas dimensões de existência, e poderíamos dizer que uma delas é a nossa, tanto para encarnados quanto para (talvez principalmente) desencarnados.

Em vários anos trabalhando como médium da “linha das almas”, trabalho de encaminhamento (que é basicamente lidar com fantasma), uma natureza minha, percebi um contato imediato e antigo já com o Buda da Medicina.

Duas curiosidades interessantes sobre isso eu descobri recentemente. Uma delas que já citei é que a ritualística do Buda da Medicina existe no Japão antes do budismo esotérico, mas era até então quase que restrita à espíritos e antepassados, aos “mortos”.

Suas capacidades e rituais de proteção ou regeneração da saúde foram surgindo depois da sua ritualística de encaminhamento e encomendação de almas para outros mundos. No Tibete aconteceu a mesma coisa que no Japão, mas algumas centenas de anos antes.

Outra curiosidade é que um dos espiritualistas que eu sigo há muitos anos (até porque já ensinava quando eu ainda nem havia reencarnado), o Wagner Borges, trabalha nessa linha exatamente com o Buda da Medicina.

Com vários vídeos falando sobre isso e textos no site do IPPB, o Wagner é um dos espiritualistas que trabalham no encaminhamento, apometria e encomendação, e está dentro da egrégora poderosa do Buda da Medicina!

Esta egrégora “oriental” é extremamente acessível, e tem um trabalho muito intenso no Ocidente, e especialmente no Brasil, pasme. Assim como Kuan Yin, parece ser uma egrégora que insere de forma inquestionável a espiritualidade oriental no Universalismo.

Esta egrégora no astral trabalha na reconstrução e regeneração de corpos (pois temos vários). Sabe aquele tipo de “fantasma” todo descabelado, deformado? Se trata de espíritos que se identificam ainda com o corpo físico e não fizeram a transição da energia vital para o próximo corpo (um corpo astral).

Estes espíritos ficam “mortos” junto com seus corpos antigos mas continuam vivos em consciência adormecida, criando padrões de comportamento sofrível.

O Buda da Medicina também age ali, com o trabalho de refazer estes corpos astrais e encaminhá-los, tanto para as almas sofridas e perdidas quanto para os reencarnantes.

O papel do Buda da Medicina na espiritualidade, portanto, é muito além das filosofias, doutrinas ou Tradições orientais, apesar de surgir disso.

Mas então você que está aqui, não é fantasma e está saudável, por que praticar o Buda da Medicina? Quais os benefícios práticos dessa ligação ou de entrar nessa egrégora?

A prática do Buda da Medicina cria uma ligação capaz de resolver carmas passados, feridas de alma que servem como pontes de obsessão, vício, compulsão ou paranóia.

É uma prática de limpeza mental e espiritual. É dito que quem pratica o Buda da Medicina, pode andar nas trevas e na luz sem alteração, pois é capaz de regenerar o que não estiver condizente com seu caminho de dharma.

É dito já há mais de mil anos que a prática devocional (sadhana) ao Buda da Medicina é capaz de aliviar e até mesmo curar processos patológicos (conhecidos como loucuras), e reestabelecer a saúde mental para quem se encontra perturbado.

Como vivemos na era da patologia, sendo super estimulados por tudo, apresento aqui a prática do Buda da Medicina como uma possibilidade, um instrumento que caso você tenha interesse ou sinta que vai se beneficiar, pode começar à qualquer momento.

Esta prática nunca me decepcionou em diversos momentos, em relação à problemas desta vida e do além, então eu me sinto na obrigação de compartilhar. Foi também essencial durante o período de pandemia.

É uma prática universal, não requer iniciação, independe de sua religião e não faz exclusão das suas outras práticas mágickas, ou se você é satanista, deísta, teósofo, thelemita, budista, bruxa, feiticeiro, universalista…

Isso porque o conceito de “saúde” e “saudável”, bem como “bonito” e “transformador” são conceitos universais juntados na imagem e prática do Buda da Medicina.

Adendo:

Nesta Sadhana não colocarei (de propósito) o Mantra do Renascimento que também está ligado ao Buda da Medicina na energia de Amidabha. Isso porque faz parte de uma ritualística de encaminhamento de almas, mexe com energias que podem não ser convenientes para todos.

Se você trabalha na linha das Almas, ou com apometria, encaminhamento, encomendamento, regeneração de espíritos, me envie um direct que eu te envio o mantra caso queira trabalhar com ele.

Este mantra não precisa ser recitado, e sim ouvido, ou colocado no ambiente, e você vai ver a magia acontecer se for sensitivo dessa linha. Não recomendo em absoluto para quem não trabalha e tem experiência com isso.

Adendo II: Uma História com o Buda da Medicina

Relutei em adicionar esta história aqui, e só depois de terminar o artigo que ela está sendo inserida. É muito pessoal, e tem várias coisas que não posso explicar nem esclarecer sobre isso, sob pena de contrariar guardiões cármicos (a última coisa que eu faria).

Minha esposa foi dada como praticamente estéril antes de casarmos. Na época o médico falou que os cistos no ovário estavam tão fora de controle que a chance de ela engravidar era praticamente nula.

Ela menstruava duas vezes num mês, depois ficava vários outros sem menstruar…não tinha um ciclo. Lembro de minha sogra neste tempo ter lhe dado um “carinho de mãe” durante uma discussão; algo do tipo “você é nova por fora e velha por dentro”.

Nessa época comecei a ter contato com um espírito de uma moça, muito bonita e talentosa, que havia tido sua vida anterior bruscamente interrompida no Brasil, ainda no início dos anos noventa. Um espírito encantador.

Naquele ano o espírito dela estava numa nova fase da vida, pois o caso era remexido e divulgado. Ela me contou que o seu coração que havia sido ferido tanto fisica quanto astralmente, havia sido regenerado pelo Buda da Medicina, e que por isso era mais forte ainda agora.

Após meses de contato com este espírito, descobrimos que esperávamos um filho. Meu contato com o espírito da moça praticamente cessou.

Quando já estava no sétimo mês de gravidez, durante uma viagem de trabalho, de madrugada tive uma “visita” deste espírito dizendo que ia reencarnar, um feliz reencontro de almas (que eu não me lembro de conhecer).

Ela escolheu o próprio nome que me mostrou claramente tanto em chinês quanto em português. Era diferente do nome que havíamos escolhido para ela.

Acordei apavorado num quarto de hotel acendendo todas as luzes, pois foi como se eu tivesse caído de uma outra realidade e alguém tivesse entrado em meu quarto. Quando passou o estado de confusão liguei para minha esposa e disse que mudaríamos o nome escolhido.

Minha filha nasceu dois meses depois. Eu sou muito grato ao Buda da Medicina!

A Prática:

Como já falamos em outros artigos, a prática é centrada no conceito Sanmitsu, que envolve mantra (recitação), mudra (gesto) e visualização (de um tipo de sigilo – letra sagrada ou da própria imagem esotérica).

Visualização:

No Sanmitsu o mais importante é a visualização, seguida do mantra. O objetivo é utilizar a visualização interna, fazendo uma imagem mental o mais forte possível do Buda da Medicina, de forma a colocar todo o resto em segundo plano.

Para obter este nível de visualização é necessária a compreensão da simbologia (o que já fizemos) e a contemplação de imagens que codificam isso (imagens de Sangye Menla).

Yakushi Nyorai (Buda da Medicina em japonês) pela artista Miki Okuda

Então a visualização nessa prática é o mais importante. Você pode fazer isso ouvindo o mantra, ou simplesmente sentando, parando, prestando a atenção na sua respiração e depois observando uma imagem do Buda da Medicina por três minutos.

Depois disso você fecha os olhos e tenta, por mais dois minutos recriar a imagem na sua tela mental. Não precisa nem ser a exata imagem que você viu, mas deve ser a imagem que vem sobre o Buda da Medicina.

Quando esta imagem estiver clara, estiver dando aqueles “arrepios” pelo corpo, então você está iniciado à prática de visualização do Buda da Medicina.

Na imagem acima, de autoria de Miki Okuda, uma artista japonesa que pratica o budismo esotérico e faz artes sobre suas próprias visualizações, você tem a exata imagem que ela “recebeu” em sua tela mental após a prática da visualização.

O objetivo é ter uma imagem clara dentro da sua própria mente, a fim de ser acessada sempre que necessário para entrar na “egrégora” do Buda da Medicina.  

Muitas tradições de budismo esotérico, no entanto, fazem a visualização através do bija, ou sílaba mântrica, também chamado de “raiz” de determinada deidade.

A prática de meditação é a mesma citada, só que ao invés de imagem simbólica, você contempla e vê a própria raiz escrita. Segue a imagem para visualização:

O Bija, sílaba mântrica do Buda da Medicina

Mantra:

O mantra é relativamente fácil depois de lido e ouvido. Você pode praticar o mantra acompanhando vídeos, mas facilita sempre ter um japamala.

O japamala é aquele “rosário” oriental de 108 contas. No budismo esotérico existe também o de 30 e de 12 contas. São variações. O mais tradicional é fazer o mantra 108 vezes, ou 30 vezes caso não esteja com tempo.

É relativamente fácil adquirir um japamala no Brasil hoje em dia (e em todo o mundo). Há treze ou quatorze anos atrás eu adquiri meu primeiro japamala, e era de plástico, muito barato, um brinde que vinha num livro-sadhana de Kuan Yin.

Hoje tenho uma vasta coleção de japamalas, alguns raros e outros bem comuns. O mais caro provavelmente é um de onix com jade amarela que me foi dado por uma ex namorada, e eu nem utilizo porque pode estar amaldiçoado (vai saber).

Sempre utilizo meu japamala de madeira de ameixeira, adquirido do templo Go Dan Myo do Japão, ou um de sementes de boddhi, o tipo de árvore em que Shakyamuni se iluminou.

Não foi sempre assim. Várias batalhas essenciais da minha vida foram travadas com um japamala de plástico rosa na mão, enrolado no punho ou no pescoço. O que faz algo ser sagrado é o tipo de uso que você dá, e não o valor comercial daquilo.

Comece com o que for mais acessível, qualquer prática que valha a pena vai evoluir em instrumentos e efeitos, com o tempo.

No caso do Buda da Medicina o mantra é:


Teyatha Oṃ bekhandze bekhandze maha bekhandze radza samudgate soha.

A pronúncia que eu aprendi, há uma década e meia atrás fica mais ou menos assim: Teiatá Om Bekandzê Bekandzê Maha (marra) Bekandzê radzá (com R de gaúcho) samugatê sohá.

Existem, no entanto diversos dialetos que pronunciam diferente. No Tibete por exemplo, a pronuncia fica “teyatha om bekandje bekandje maha bekandje randja samungate soha”. E tudo bem, é a proúncia mais comum hoje em dia, mesmo com sabor tibetano.

Você encontra fácil no youtube diversas versões do mantra do buda da medicina, e esta aqui é a minha preferida, a mais comum:

Existe também, o mantra-sutra do Buda da Medicina, descendente de sutras antigos chineses, que é muito interessante e poderoso também.

Vale a pena ver e salvar este vídeo, o mesmo traz a letra para você entoar junto.

Mudra (gestos):

Quando eu era mais jovem e estava aprendendo estas práticas eu frequentemente ficava confuso: Como se pode fazer um gesto se eu estou contando os mantras no japamala?

O gesto serve para você fazer contando mentalmente os mantras enquanto pratica a visualização. Neste caso você não precisa fazer 108 vezes (se fizer está de parabéns).

O que é mais interessante é que as entidades que trabalham nesta energia, os “budas da medicina”, quando acoplam ou lançam sua energia (shaktipata), fazem com que o corpo automaticamente tome a postura do mudra.

É relativamente fácil. Você faz o famoso “gesto da sabedoria” (tive que deletar três vezes as piadas bobas que escrevi aqui) juntando o polegar e o indicador da mão esquerda, e você coloca repousando com a palma para cima, na altura da sua cintura

A mão direita vem espalmada para fora com o polegar para dentro da palma, isso porque a mão esquerda representa a fonte, a medicina, e a direita projeta esta energia para frente.

Este Mudra é provavelmente o mais “eficiente” e utilizável que eu já vi. No astral, quem consegue projetar a energia dessa forma dificilmente fica alvo de qualquer tipo de entidade.

A luz do Buda da Medicina é muito forte, e é aterrorizante para quem não faz parte dela, nem a pediu. Pode ser um gesto de cura, mas também uma “pedrada energética” sem precedentes.

Conclusão:

Agora você conhece mais uma deidade do budismo esotérico, e pode praticar assim que quiser. Este artigo foi pedido várias vezes, e eu sinto que realmente precisava dedicar isso à alguem tão importante como o Buda da Medicina.

Se foi útil para você, considere me seguir no Instagram, onde ainda estou criando um following bem aos pouquinhos (brasileiro não curte muito ler, e eu sou escritor), mas que em breve será uma comunidade grande, e eu quero você participando.

Considere também, caso tenha aprendido com este artigo, nos apoiar neste trabalho. Não me pergunte como, assim que eu tiver decidido vou editar este parágrafo.

Se você curte deidades do budismo esotérico e os conceitos dessa espiritualidade, vai se beneficiar também ao conhecer estas deidades, no que eu tenho certeza serem os artigos mais completos já escritos sobre elas:


Kurukulla
Daikokuten
Drashi Lhamo
Kuan Yin
Fudo Myo

Até lá,

Fiat Lux

2 thoughts on “Quem é o Buda da Medicina? O Guardião Ancestral da Cura Revelado!”

  1. Primeiramente Parabéns por todo seu trabalho!
    Você foi um achado depois de tanta procura; e estou ávido por mais conhecimentos. Já estou seguindo no IG.

    Que traga mais conhecimentos dessa linha esotérica e possamos nos aprofundar nos estudo de forma responsável.

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