O Poder da Atenção

Como sensitivo, sempre me incomodou a falta de controle e poder da atenção em mim mesmo, e me surpreendeu uma “capacidade” que muitas vezes parece quase que punitiva, a de perceber um ambiente em sua psicoesfera, ou seja, sentir as consciências e formas-pensamento à minha volta.

É algo típico do sensitivo empático e bastante comum nos dias de hoje. Eu falava sobre isso com um amigo, de como isso às vezes me incomoda em lugares como restaurantes, em grupos e ambientes fechados.

Eu me lembrava de que quando era criança gostava dos X-Men, e sempre que podia assistia aos desenhos e lia os gibis. Meu personagem preferido era o Wolverine e o que eu menos gostava era o professor Xavier; como que o professor Xavier era líder dos x-men se ele era apenas um careca numa cadeira flutuante? Essa dúvida terminou quando li em algum gibi (ou vi em algum desenho) algo sobre o “poder” do professor Xavier. O Poder da atenção.

O personagem do professor Xavier, como descobri, tinha uma capacidade de percepção dos pensamentos e sentimentos de TODAS as pessoas e seres astrais num raio de quatrocentos quilômetros, e quando sua sensibilidade aumentava, a percepção era expandida ao planeta inteiro.

Na história, algum dos mutantes teve acesso à mente do professor Xavier, e em poucos segundos quase enlouqueceu, pois ouvia as dores das pessoas do mundo. É claro que ele tinha acesso às alegrias também, mas como a dor e o sofrimento são sinais mais urgentes e gritantes, se o professor Xavier não tivesse um auto controle mental perfeito quanto ao poder da atenção, ele enlouqueceria tendo acesso às dores do mundo e todos os problemas e sofrimentos horríveis que aconteciam, e que ele sentia como se fossem dentro de sua própria cabeça. Ali minha percepção sobre o personagem mudou (fora outras histórias de suas guerras astrais e batalhas psíquicas).

Isso me lembrou também de um caso que conheci, de uma senhora que tinha lá pelos seus cinquenta anos, um marido rico e que estava sempre viajando à negócios (portanto não a perturbava em casa), filhos encaminhados em ótimas faculdades, e tempo de sobra para fazer sua Ioga, tocar piano e o que mais quisesse.

Ela estava procurando ajuda, se dizia intensamente triste, sofria de insônia frequente e por conta própria tomava remédios para dormir cujo único efeito era fazer ela ficar ainda mais sem reação diante do caos de sua própria mente. Bem, ela não era maluca, e estava de fato sofrendo. Ouvindo um pouco de sua história ficou claro o porquê.

Ela começou com o hábito de passar o dia ouvindo e lendo noticiários sobre as guerras que acontecem ainda hoje pelo mundo, vendo fotos de crianças que sofrem, e algo captou sua atenção. Ela estava usando errado o poder da atenção. Desde então, ela decidiu que tentaria ajudar essas pessoas, e sempre tentava visitar locais ou estar conectada com pessoas que de alguma forma traziam histórias, fotos e vídeos de gente sofrendo com os absurdos de guerras e conflitos geo-políticos. A culpa por ser rica se juntava ao terror de descobrir e replicar o sofrimento alheio na própria mente.

A história dessa senhora é bastante interessante porque suscita uma pergunta chave tanto para quem é empático, como para quem pretende ser minimamente próspero e ter uma mente saudável. Será possível ser feliz em um mundo onde existe o sofrimento constante de semelhantes, e de forma tão aguda promulgado e explorado pelas mídias? 

A resposta é que ninguém hoje em dia precisa ser um professor Xavier para ter acesso à uma pequena parte das dores do mundo de forma contínua, já que vivemos num tempo de notícias rápidas e sofrimento constante, existente num raio bem menor do que quatrocentos quilômetros.

Quem é médium empático e pretende ser minimamente são, bem como qualquer pessoa que tenha em mente ser próspera nos tempos de hoje, precisa mais do que nunca de exercer o poder da atenção.

O poder da atenção é ensinado em quase todo tipo de colônia espiritual aos recém-desencarnados que ali chegam, e é o que permite um espírito perspicaz se manter em seu caminho de evolução sem ficar preso aos sofrimentos da terra e dos que deixou por ali. É quase como um curso obrigatório em colônias e em dimensões espirituais próximas da nossa. Hoje em dia, este treinamento se faz necessário aqui e agora em qualquer situação em que estejamos.

Não se trata de negar o que existe, e sim de saber que o que existe, de bom e de ruim, é muito maior que nosso tempo de foco, e também muito maior que nossa possibilidade de entendimento. Tenhamos a humildade de saber que somos parte de um todo onde existe de tudo, e que no momento não somos nem todo nem tudo, e por mais que caminhemos para lá, teremos primeiro que ser o que somos, e ninguém pode ser nada sem forma.

Toda forma tem limites. Meu nariz é um nariz porque tem limites. Se não tivesse limites e fosse uma ponte de carne e osso que se extendesse ao infinito, não seria chamado de nariz. Tudo que tem forma precisa de limites que chamamos também de princípios. Isso se aplica ao nosso corpo, à nossa psiquê e também ao nosso espírito, bem como à nossa vida. Se conscientizar disso é exerctiar o poder da atenção.

Num nível psico-espiritual o limite-existência é determinado por foco e constância de determinada coisa em nossas vidas, e o que utilizamos para perceber isso é a ATENÇÃO. Hoje em dia urge saber utilizar o poder da atenção e fazer escolhas constantes sobre onde e no quê colocar a atenção, bem como a intensidade e o tempo em que se investe ela.

Se não houver a separação do interno e do externo, do meu, do que é positivo para mim no momento e do que é negativo para mim, do que é útil e do que é inútil para mim, estaremos condenados à uma vida ao sabor de quem controla nossa atenção, seja a mídia ou outros espíritos.

Individuação nos dias de hoje começa com o saber-se limitado, exercer o auto controle e a escolha da atenção, pois ela é o poder de sim e não, é dela que vem o que fazemos e o modo como vivemos, bem como o que atraímos e o que damos para o mundo.

Não podemos enxugar as lágrimas do mundo, mas como gotas de um mesmo oceano podemos conscientemente torná-las menos constantes (em nós primeiramente), já que não há capacidade de ajuda por parte de quem precisa daquela mesma forma de ser ajudado.

Tenhamos consciente e constante portanto, por necessidade, o aprendizado urgente da escolha da atenção e do investimento emocional em cada uma das coisas que conseguimos captar. Com essa consciência básica, apesar de continuarmos sendo um em todos, devemos nos resguardar de tentar ser todos em um, pois não há princípio, forma, tempo de vida nem alma que comporte isso tudo, nem inferno que comporte tamanha pretensão.

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