Como é o Pacto com Lucifer: 6 pontos para entender.

Aqui vamos falar sobre pacto com Lucifer, algo geralmente envolto em mitos como “pacto com o diabo”, venda de alma, servidão eterna e espírito das trevas. Mas nada disso é verdade, e se alguém vende isso para você prometendo riquezas, amor, sexo fácil, desconfie, essa pessoa está te manipulando.

Não existe pacto com Lucifer onde se venda a alma

Simplesmente porque não é do interesse de uma deidade com centenas de milhares de anos (possivelmente mais) em receber servidão do ser humano. Lucifer é o arquétipo de quem traz a luz, o fogo que feio pelo vento. O fogo que iluminou a noite e locais escuros foi o que fez com o que o ser humano pudesse evoluir e sair da era das cavernas, para receber almas de seres de fora (nós) em corpos humanos. Lucifer humanizou o ser que hoje chamamos de humano dando condições de subsistência e evolução à ele.

Segundo Rudolf Steiner, Lucifer foi ligado ao Dragão por uma antiga história do Lucifer pagão que teria encarnado na China como um dragão, que trouxe o conhecimento e a civilidade, e promoveu o nascimento da cultura. A cultura chinesa de fato, há muitos anos atrás era mais civilizada e filosófica do que quase a totalidade das outras pelo mundo.
Fonte: https://en.anthro.wiki/Lucifer#top

Segundo a Gnose cabalística, Lucifer se fez serpente (como a Kundalini), energia que trouxe o êxtase e o conhecimento ao ser humano, libertando ele da maldição de ser um animal como determinou o demiurgo, e colocando o ser humano na via de evolução da árvore da vida, podendo ser utilizados seus corpos para animar espíritos (nós) na senda da evolução. Helena Blavatsky acreditava no Lucifer gnóstico a que teve acesso através de seus estudos, e muito falou sobre ele, considerando-o o único deus deste mundo (se quiser a fonte: https://blavatskytheosophy.com/lucifer-the-lightbringer/).

O mito de Prometheu é outra figura chamada de Lucifer (o trazedor da luz). Nesta história, Prometeu vendo que os dons de sobrevivência eram distruibuídos pelos deuses à revelia dos seres humanos roubou o fogo divino do conhecimento e entregou aos humanos, colocando-os em superioridade quanto aos outros animais e em parte com os deuses.

Existem diversas histórias, deidades e mitos que correspondem ao nome Lucifer desde muito antes de ser criado o mito do diabo pela Igreja Católica no início da era medieval. Lucifer tem interesse em poucas pessoas; inteligência é um requisito para ter parte com ele, usar o fogo do conhecimento com um mínimo de consciência, habilidade e independência de preferência com algum talento que reproduza a energia pessoal e luciferiana (cantar, dançar, escrever, falar bem, convencer, seduzir, ensinar, etc).

Outra coisa, somos almas imortais. Se Lucifer “rouba” a luz do conhecimento e ensina o ser humano é porque tem interesse em participar da sua evolução, como o faz há milênios.

Uma alma é mais que um ser humano que é apenas algo que utilizamos nestas encarnações e esferas de existência, e portanto não pode ser vendida, à não ser para quem tem a ideia de evolução como algo linear, de baixo para cima, céu e inferno, bom ou mau, ou seja, algo típico cristão. Somente cristãos acreditam na venda da alma, pois isso implica numa alma de evolução estática e na existência de um inferno que comporte almas perdidas e um paraíso para as salvas.

– Um pacto com Lucifer não faz uma mente de pobre ficar rica.

A principal promessa de “sacerdotes” e “magos” ao vender pacto com Lucifer na internet é que você vai ficar rico fácil e rapidamente. Enquanto é verdade que Lucifer é provavelmente o deus mais rápido em relação ao poder neste planeta e na humanidade, e que sim, se você realmente tem parte com Lucifer sua vida vai prosperar, isso é um processo, como tudo na vida, na magia e na existência.

Uma pessoa de mentalidade pobre, de poucas opções intelectuais, caso consiga ter um pacto com Lucifer vai ter um longo processo para aprender a criar valor e ser recompensada com poder. Uma pessoa que esteja no lugar errado, cercada de gente errada, terá um processo mais ou menos longo para desencaixar (o que pode ser incômodo) e se encaixar novamente em outro lugar. Situações muito fechadas e de pouco espaço para movimentação precisam de um tempo para que as coisas se modifiquem sem grandes traumas ou rupturas.

Uma característica de Lucifer (bem como de outros deuses criadores) é o de poder mudar tudo mais rápido, acelerando estes processos através do caos, mas mesmo assim os resultados requeridos costumam levar todo um processo de recuperação, então recomendamos tratar com Lucifer de mudanças graduais, fazendo com que ele conheça sua situação e coisas que são mais importantes para você, de modo a não sofrerem rupturas muito bruscas.

Lucifer é extremamente compassivo pois é próximo de nossas paixões, responsabilidades e apegos, mas pensa de uma forma muito superior onde isso tudo não significa praticamente nada diante do eterno. Esses são alguns dos motivos pelos quais é importante ter uma conexão genuína com Lucifer antes de pactos e de pedidos, é preciso haver um conhecimento mútuo como em qualquer relacionamento.

O que é um pacto com Lucifer ou com outras deidades?

Como já escrevemos sobre pactos aqui de uma forma mais completa, vamos nos limitar a explicar neste post que pactos são inícios de uma relação, de um conhecimento mútuo que envolve companhia, emoção e cumplicidade.

Um pacto pode ser feito de forma ritualística ou de forma íntima. No conto dos Três Reinos da China os guerreiros Liu Bei, Guan Yu e Zhang Fei fazem um dos primeiros pactos ritualísticos entre humanos registrados na história. Eles cortaram as mãos e misturaram o sangue dos três em um copo de vinho, e beberam. Foram fiéis aos ideais um do outro, lutaram um pelo outro e morreram praticamente juntos.

Um exemplo de pacto ritualístico religioso é o deitar para o santo no Candomblé. Um exemplo de pacto ritualístico social é quando duas pessoas chamam suas famílias e amigos, trocam alianças e dão um banquete, e chamamos isso de casamento em todas as diversas culturas do mundo.

Pactos no entanto não precisam ser ritualísticos. Não existe nem é preciso um ritual social ou religioso que ligue uma mãe ao filho, uma filha ao pai, por exemplo. O objetivo do ritual é ajudar a criar um laço, e ajuda, é muito importante mas em muitos casos não essencial. Não existe um ritual social ou religioso que nos faça amar alguém. Alguns pactos não são religiosos ou sociais, e acontecem no íntimo.

Laços pessoais podem virar pactos através de nossas ações, palavras e dedicação. O pacto portanto pode ser religioso, social ou íntimo. O que determina a força de um pacto é a energia de cumplicidade que é colocada por todas as partes envolvidas dentro dele. O pacto com Lucifer ou qualquer deidade não é diferente.

Com que espírito se pactuar:

Nunca se pactue com o espírito que algum sacerdote diz ter mudado a vida dele. Este espírito tem a cumplicidade, o laço energético (ou cármico) com ele, e dificilmente terá o mesmo com você, ou você seria sacerdote como ele também da mesma deidade-entidade. Pactos não são coisa universal e sim pessoal.

Um sacerdote de Lucifer pode ajudar você a ter um pacto com Lucifer, se for para você ter um pacto com Lucifer! Se no entanto você tiver laços energéticos para ter um pacto com Apolo por exemplo, ou ainda mais, com Oxalá, você acha que um pacto com Lucifer pode trazer o que para sua vida?

Por isso a primeira pessoa a ser consultada é seu eu espiritual. A segunda é a própria deidade ou entidade, e a terceira sim, caso necessário para pacto ritualístico, um sacerdote desta deidade que seja confiável e a represente sem vaidade ou autoritarismo, e isso pode ser mais difícil de encontrar do que parece.

Se não sabe com que espírito se pactuar, não faça pactos. Se você não sabe com que mulher ou homem se casar, não case. Pactos não são essenciais, e é possível viver criando laços menos apertados e limitantes na sua vida. Caso se pactue, saiba que é uma via de mão dupla, e como qualquer divórcio, a quebra de pacto traz consequências e dificuldades que variam desde constrangimentos até acontecimentos traumáticos, dependendo da situação.

Quando não fazer pacto com Lucifer?

Quando quiser fazer pacto com diabo. Ele é criação cristã. O pacto com diabo deve ser feito com alguém que compartilhe das crenças cristãs, e neste caso estará fazendo um pacto com seres sombrios que trabalham na antítese da crença dos outros, e não no desenvolvimento do seu poder pessoal.

– Quando não souber nada sobre Lucifer em suas diferentes faces. É preciso muito estudo para preparar a mente para um contato com ele, especialmente porque a cultura que aprendemos é descendente direta de seus detratores.

– Quando o pacto for para trocar um favor. Pacto não é moeda de troca. Seria bizarro uma mulher que foi ajudada por um homem prometer um pacto com ele, seja sexual ou afetivo, e vice versa. Pacto é um relacionamento, e as trocas fazem parte dele. Você pode trabalhar com Lucifer e com qualquer deidade sem a necessidade de pactos para obter determinadas coisas, e usar como moeda de troca oferendas de energia e de reconhecimento público.

– Quando estiver em desespero por algum resultado. Todo relacionamento que começa por necessidade termina em arrependimento ou indiferença.

– Quando não tiver certeza de sua relação com Lucifer. Caso não tenha frequentes inspirações, coincidências e sinais claros, é melhor que não o faça, uma vez que pode ter na verdade ligação com outros seres de egrégoras muito diferentes ou até mesmo conflitantes em suas crenças e modo de vida.

Como se faz um pacto com Lucifer

Existem diversas formas de fazer uma pactuação, geralmente ritualísticas. Algumas exigem a presença de um sacerdote de alguma linhagem que pratique o Luciferianismo, neste caso existem diversas. Desde Luciferianismo Gnóstico, Teísta, Thelêmico até a Kimbanda Luciferiana. Isso vai de identificação pois são egrégoras diferentes com imagens diferentes de uma deidade imensa, por isso as energias são diferentes e apesar de sempre ter algo em comum, não são necessariamente combináveis para todos.

Como eu próprio sou pactuado vou escrever aqui alguns passos que acho muito importantes e servem não apenas para o pacto com Lucifer mas com qualquer deidade.

O primeiro passo para um pacto seguro é ter uma ligação que pode ser repentina ou de muito tempo com determinada deidade. Uma sensação de familiaridade, de entendimento e facilidade de canalização. No meu caso tive canalizações espontâneas e repentinas com um ser chamado Lucifer (algo que estranhei no início). Nesta etapa o importante é sentir e se conectar, não resistir e deixar a força ir se tornando uma curiosidade saudável e forte.

O segundo passo consiste em transformar essa familiaridade e curiosidade em conhecimento. Você deve ler, perguntar, assistir TUDO o que puder e quanto puder sobre a deidade em questão. Deve fazer resumos escritos, juntar os pontos de tradições diferentes. Quanto mais antiga é a deidade (e Lucifer é MUITO antigo) mais histórias e arquétipos ela incorpora em culturas diferentes. Não ignore arquétipos diferentes, veja com qual você mais se identifica.

O terceiro passo consiste numa busca por contato com a deidade. No meu caso o contato foi espontâneo, mas quem é oraculista consegue fazer confirmações através de oráculos; quem não tem sensibilidade nem treinamento nas artes mágickas pode procurar um oraculista bom e de confiança, lembrando que se é difícil conseguir a atenção e a conexão com uma deidade antiga, especialmente Lucifer, pode se encontrar a mesma dificuldade em encontrar um BOM sacerdote ou oraculista que “fale sua língua” e seja honesto. Ossos do ofício.

Um quarto passo caso haja confirmação de contato com a deidade, além de uma troca de energia, uma infusão que pode ser sentida na vida, nos pensamentos e na vibração, é então a busca por um pacto para selar um relacionamento. Este pacto é feito de forma ritualística geralmente, e para o iniciado experiente pode ser feito por conta própria, ou com a ajuda de um sacerdote de uma linhagem que você se identifique e confie, e tenha a CERTEZA de estar se pactuando com o lado da deidade que VOCÊ tem contato, e não apenas o sacerdote.

Caso algum sacerdote lhe inicie ou pactue com algum espírito que fale apenas com ele e não com você, seja por oráculo ou intuição, então ele estará te pactuando com uma face da deidade que corresponde à ele, e não a você, colocando você sob dívida e domínio da egrégora-casa dele. Por isso é importante se identificar com o sacerdote e sua egrégora, e ter parte nela através da deidade, não do sacerdote que será um intermediador.

Estes sãos os passos para se obter um pacto com Lucifer, ou com qualquer outra deidade, lembrando que ninguém precisa de pacto para ser magista, os pactos não devem ser incentivados e sim procurados, e devem ser feitos com consciência espiritual. Quebrar pactos tem consequências de leves até graves dependendo da ligação com a deidade em questão, e pode ser algo que passe para as próximas gerações.

Escolha com sabedoria, sem medo e sem pressa, evite o desnecessário e procure com todas as forças aquilo que lhe procura também, pois assim o encontro será inevitável.

Fiat lux, Agios Lux!

Leave a Comment

Optimized with PageSpeed Ninja