Magia Tailandesa

Origem da Magia Tailandesa

Dentro do ocultismo oriental, uma das formas de magia mais intensas e populares aqui na Ásia mas também menos conhecida no Brasil é a magia tailandesa.

A Tailândia já é um lugar mágico por si só, porém infelizmente tem mudado muito, e os antigos voodoos e práticas mágicas vem sendo cada vez mais limitados legalmente e coibidos publicamente.

O sistema da Magia Tailandesa é um caldeirão cultural em sua melhor expressão, recebendo influência principal da feitiçaria da Índia e da China, misturando com práticas antigas do Camboja, Laos e Burma, a religião budista e uma pitada de magia ocidental. A Tailândia é multi cultural de uma forma única, e a magia tailandesa não é diferente.

Os mestres de magia tailandesa, sacerdotes são chamados de Ajarn (para os feiticeiros leigos), Luang Phor (para os monges que praticam magia), Ruesi ou Lersi (para os praticantes eremitas, que praticam em cemitérios, cavernas e montanhas).

A maioria dos mestres é de homens, mas há várias mestras mulheres também, e geralmente quando tem, é porque é muito boa. Isso se deve basicamente ao mesmo motivo de existirem muito mais pajés homens do que mulheres. O treinamento mágico dos sistemas tailandeses inclui até hoje noites em cemitérios, dormir em cima de túmulos, escalar montanhas e ficar em jejum sem dormir por dias a fio, além do contato com animais selvagens.

Uma parte comum da magia tailandesa que agora está sendo coibida pelos governantes tailandeses é a necromancia. A necromancia teve seu auge na Tailandia desde os anos sessenta até uns nove anos atrás quando começou a ser proibida e punida, uma vez que a Tailandia se torna cada vez mais um paraíso turístico e moradia de milhões de gringos à procura de preços baixos, turismo sexual e noitadas infinitas, essas sim, coisas que poderiam ser coibidas para manter a imagem do país.

Aprendi muito da necromancia com a magia tailandesa, e é de onde tenho a maior parte do meu material em amuletos, servitors e espíritos desse gênero.

A necromancia é a “mão esquerda” da magia tailandesa. Sendo muito comum o uso do Nam Man Prai, ou óleo de fantasma, literalmente tirado do queixo de cadáveres de mulheres que tenham tido uma morte não natural. Falaremos mais sobre o Nam Man Prai, a necromancia, os servitors e outros elementos da magia tailandesa de mão esquerda nesta categoria de magia oriental, já que é a magia que mais tenho estudado nos últimos oito anos.

Nam Man Prai, óleo necromântico

É muito interessante que a Tailandia tenha mantido até bem pouco tempo suas práticas mágicas, se adaptando e somando praticamente tudo que passa por ali. A magia indiana foi incorporada às práticas espirituais, a chinesa, a cambojana, e até mesmo a alta magia ocidental também são unidas em conceitos, imagens, símbolos e rituais na magia tailandesa.

Desde antes do budismo theravada chegar à Tailândia, o culto aos ancestrais, aos espíritos dos mortos e a necromancia já eram referência por ali, vindo o budismo apenas como uma organização prática e se adaptando brilhantemente ao que aquele povo já acreditava e praticava: Que não existe a morte, a vida é eterna, mas que temos espíritos que continuam por aqui, elementais, entidades e devemos conviver com eles da melhor forma possível para nós!

Práticas de Feitiçaria:

São muitas as práticas de feitiçaria dentro da magia tailandesa. O foco em primeiro lugar é cultuar os poderes que existem à nossa volta no invisível, pois apenas assim se pode mudar algo no mundo material de forma sobrenatural, com o uso de forças invisíveis.

O foco do sistema de magia tailandesa é atingir Samadhi, ou seja, uma mente iluminada e independente, uma CONSCIÊNCIA de si e das coisas, que não dependa do tempo nem do ambiente. Para isso se usa da vida diária, da meditação, das emoções e da feitiçaria para se viver o máximo de experiências e lidar com elas de forma independente, segura e consciente.

Existem mestres-magos fantásticos neste sistema de magia, homens milagrosos cujos feitos são lembrados e registrados, e vamos apresentá-los aos poucos nesta categoria.

Na magia tailandesa, feitiço se chama wicha (não é wicca hein, mas é parecido). Um feitiço pode ser feito por um mestre ou um leigo amparado por espíritos, mas a participação dos mestres ainda é essencial especialmente nos wichas que envolvem necromancia, já que para lidar com esse tipo de material são requeridos Katha (mantras específicos que devem ser recitados sem erro ou sotaque), bem como uma mente forte e decidida para a proteção do praticante, e práticas milenares são utilizadas para se desenvolver esta mente.

Algumas dessas práticas são realmente difíceis de fazer outras são bizarras, como por exemplo um dos meus mestres, Sala Boon, que teve de passar noites em nove cemitérios diferentes sozinho para realizar determinada magia.

Phor Sala Than, mestre que vamos apresentar aqui nesta categoria costumava dizer que para retirar o óleo dos corpos era preciso ir nu e de quatro até o túmulo, cavar com as próprias mãos e não utilizar pás. Havia fundamento nisso? Não sei, fato que ele foi uma das figuras mais interessantes e mais “milagrosas” que já ouvi falar em qualquer sistema mágicko.

Diariamente os mestres magos tailandeses recebem pedidos de wicha, feitiços, por correspondência. Existem os feitiços da mão esquerda que envolvem necromancia e espíritos, e os feitiços de mão direita que envolvem culto à deidades (tailandesas, hindus e chinesas) e à seres elementais.

É curioso que a maioria dos pedidos de wicha chegue exatamente da China continental, onde esta prática não seria de forma alguma aceita e incorporada à sociedade. A magia tailandesa é muito presente na China moderna, logicamente em segredo.

Os talismãs tailandeses (Bucha), seja de deidades ou espíritos, e mesmo os servitors em forma de voodoo que chamamos de Hoon Payon também tem um alto mercado na China, Singapura e em todo o oriente, o que fez com que muito da magia tailandesa começasse a se transformar em marketing, e “aguou” muito do seu poder; especialmente quando vários mestres adaptam a magia e os wichas para chamar mais público, e terceirizam tarefas e trabalhos para discípulos e aprendizes.

Os talismãs mais fortes agora são feitos em pouca quantidade ou são reminiscentes de outras épocas, e geralmente são comercializados dentro de círculos de praticantes ou indicação. Os talismãs que vendem hoje em dia publicamente no mercado para as massas não costumam ter a mesma força energética, nem são feitos com a mesma seriedade e poder.

Algumas deidades e seres encantados:

Hoon Payon

Como teremos um post apenas para falar de Hoon Payon, aqui daremos um resumo para apresentação. O hoon payon é o melhor amigo na espiritualidade. Ele é o que conhecemos por “servitor” na magia do caos, porém na magia tailandesa é um pouco mais complexo do que isso. Ele não é apenas criado com um sigilo, imaginação e força de vontade.

Um hoon payon é uma co-criação de um espírito, um mago e um praticante. O mago faz o hoon payon como um boneco, na maior parte das vezes sem face (ou com uma face neutra). Os bonecos são feitos de palha, grama sagrada, ervas ou Sai Sin. Sai Sin são fios utilizados na magia tailandesa para fechar um local e passar energia, são condutores energéticos.

Alguns hoon payon são feitos com PRAI (necromancia), outros são simplesmente naturais, utilizando ervas, sai sin e cordas sagradas.

O hoon payon é um servo fiel que vai tomar a forma que você imagina ou a sua própria aparência e substituir você em qualquer coisa que tente te fazer mal. Eles são muito protetivos e adquirem mais inteligência e características à partir da convivência com o “mestre” ou dono dele.

O hoon payon é feito por algum sacerdote mas consagrado pelo praticante. O praticante deve dar um nome para ele, oferendas, conversar com ele e colocá-lo em seu dia a dia, imprimindo nele sua energia, seus interesses e sua própria força vital. Um bom hoon payon pode salvar sua vida e tirar você do azar para a sorte.

O hoon payon é meu wicha preferido no sistema de magia tailandesa, e é com o qual eu trabalho melhor também; é considerado o wicha mais “perigoso” do sistema, pois um bom hoon payon pode até causar a morte de um inimigo e punir pessoas que queiram o mal do seu protegido.

Hoon Payon feito de sai sin branco com magias inscritas e palha de cemitério.

Phra Ngan:

Este é possivelmente o mais popular elemental-deidade da magia tailandesa, e também tera um post apenas para ele aqui na nossa categoria.

Alguns dizem que Phra Ngan é um tipo de demônio, o que na magia oriental de forma geral é um elemental. Um demônio só tem conotação maligna nas magias descendentes da fé cristã; no oriente quando dizemos demônio nos referimos à seres naturais humanóides ou entidades não humanas mas muito próximas da humanidade em natureza.

Há também quem diga que Phra Ngan na verdade foi um monge, um tipo de budha muito iluminado, mas que não resistia à uma mulher bonita. Ele meditou tanto e tentou tanto se controlar que seus olhos ficaram vermelhos.

As imagens de Phra Ngan são das mais variadas, e realmente é preciso bastante espaço para explorar a cada tipo com sua própria simbologia e significados. O fato é que Phra ngan é muito utilizado na magia tailandesa para atração; sexo e dinheiro são matérias a serem atraídas, e essa é a função principal de um bom Phra ngan.

Phra Ngan é totalmente amoral, e não julga seus protegidos. É dito que cada imagem-talismã traz um Phra Ngan para sua vida, e dependendo da wicha (feitiço) de como é feito seus bucha (talismã), ele terá características e poderes diferentes.

Eu acho particularmente difícil disciplinar um Phra Ngan e criá-lo junto com outros espíritos, e ainda estou na prática para fazer isso. A maioria foge, fica neutro ou causa confusão. Adoram mulher e sexo.

Phra Ngan feito com ferro, os elementos da magia ficam na parte de dentro da imagem.

Phra Phrom:

É o budha das quatro faces, possivelmente a forma mais famosa de budha na Tailândia e no sul da China. É uma forma de Brahma sincretizado com um Budha, reconhecido como um Budha no Theravada inclusive.

Phra Phrom aprecisa música Thai tradicional e são atribuídos muitos milagres à ele aqui na Ásia. Ele tem quatro faces que representam os mundos, sensações e realidades diferentes ligados num mesmo corpo, o sagrado.

É muito legal de ver como Phra Phrom está inserido dentro da China para “proteção” e livrar dos males, mais ainda na Thailandia onde ele é parte da cultura e existem templos que recebem peregrinações gigantescas de jovens que realmente são devotos.

Phra Pidta:

Meu budha de proteção. É conhecido também como “budha que cobre a face”.

Uma lenda conta que Phra Pidta foi um monge que estava alcançando a iluminação. Ele era muito bonito e atraía muito as moças e a atenção de todas as pessoas. Alguns queriam ser como ele, outros queriam ter ele, e vários invejavam ele.

Um dia em meditação Phra Pidta utilizou magia para mudar seu próprio corpo. Cobrindo as faces recitou um wicha poderoso e se tornou gordo e baixinho.

Para sua surpresa Phra Pidta continuou recebendo o mesmo tipo de assédio até sua ascensão, mesmo como um budha baixo e gordinho.

Phra Pidta cobre os seus protegidos de forma a não permitir que os inimigos os vejam ou que outros o assediem. Outra simbologia é de que ele não olha para os erros dos seus protegidos, apenas os protege, o que especialmente nos anos 80 o tornou muito popular entre gangues e máfias chinesas e tailandesas.

Os bucha (talismãs) de Phra Pidta hoje em dia são muito populares na Ásia, sendo que os mais famosos são os mais antigos, dos anos noventa e início dos anos 2000.

Como se trata de um bucha (talismã) de proteção, ainda é possível encontrar bons Phra Pidta feitos hoje em dia, com bom efeito.

Eu tenho vários bucha de Phra Pidta e vale a pena falar sobre eles num post separado. Um deles, meu preferido, é um prai (necromântico), herança do grande mestre necromante Ajarn Waraa, o que é muito raro neste tipo de wicha, pois quando mal feito resulta em blasfêmia, e bem feito é um instrumento mágicko excelente. Ajarn Waraa era um mago EXCELENTE.

Bucha de Phra Pidta feito por Ajarn Waraa em 2003, edição rara com nam man prai.

Rahu:

Deidade que come planetas, o causador de eclipses que tenta devorar o sol e a lua. É uma deidade importante na Tailandia, pois é quem cuida da escuridão, daquilo que não vemos (de bom e de ruim), e por isso culturar rahu pode ser benéfico para quem se ve confuso, solitário e sem ajuda.

Os bucha (talismãs) de Rahu são muito fortes para proteger contra ondas de azar, e os wicha (feitiços) de Rahu são poderosos para virar a sorte de alguém para o bem ou para o mal. Dizem que quando o wicha é feito durante um eclipse o resultado é 100% certo de ocorrer.

Ruesi:

O nome Ruesi tem origem sânscrita e tem significados diversos como mago, eremita e xamã. Existem 108 ruesi sagrados que são seres iluminados e iniciaram a escola dos ruesi, que teria começado com Shiva.

Existe o Ruesi de cabeça de tigre por exemplo, Pujaw Samingprai, que é o senhor que cuida da morte e da vida, controla espíritos e é patrono da magia necromântica na Tailândia.

Ruesi é também um termo para a pessoa que desenvolveu poderes mágicos (siddhi) e peregrina para exercer suas funções sacerdotais. Os ruesi não tem um templo próprio como os Luang Phor (monges), nem podem se casar ou participar da vida mundana como os mestres magos (ajarns).

Suea Saming

Suea é literalmente tigre em linguagem Thai. Na Tailândia acredita-se que o tigre seja um animal sagrado e que muitas pessoas ao desencarnar possam absorver características de espíritos dos tigres. Essas pessoas bem como os próprios espíritos dos tigres são invocados em diversos feitiços (wicha) para trazer força, segurança e poder pessoal.

Sak Yant:

É a tatuagem sagrada. É dito que quando se faz uma Sak Yant, uma força entra em seu corpo. Nos aprofundaremos mais sobre elas aqui no blog já que existem sak yants de necromancia, de espíritos de animais, de deidades e de feitiços escritos, além é claro, das sak yant budistas, as mais comuns hoje em dia.

Kuman Tong:

Espírito infantil. No sistema de magia tailandesa a alma de crianças abortadas é tida como tipo de espírito poderoso porém que não encontrou paz. Uma forma de se obter poder e ao mesmo tempo praticar mérito é ajudar estar almas tendo-as como espíritos aliados e familiares. Existem bucha de kumantongs angelicais, entidades e fantasmas, cada um é feito com uma magia diferente, tem efeitos e cuidados diferentes. Os kumantongs entidades são como erês do Brasil.

Além destes existem várias outras deidades e seres mágicos na magia tailandesa, e vamos explorando eles por aqui no blog com o tempo: Entidades raposas, entidades cobras, esqueletos, guardiãs naturais das árvores, seres das águas, das montanhas, elementais de pedras e metais, deidades hindus como Shiva e Ganesha, chinesas como Guan Yin e cambojanas como PetPayah Thorn, a lista é extensa!

Conclusão deste post:

Espero que tenha gostado desta pequena introdução, pois vamos trazer muito mais sobre a magia tailandesa aqui no blog, já que eu considero a mais interessante e colorida da Ásia, além de trazer elementos de todas as outras culturas em volta como China, Índia, Camboja e outros.

Caso tenha interesse em comprar Buchas (talismãs) pode comprar no site do Peter Jenx, em inglês. Ele vive na Tailândia desde o ano em que eu nasci! O site dele tem estoque limitado e está em constante mudança, assim sempre tem novos buchas. Tem uns que são raros e bons. Ele envia para todo o mundo. Caso fale inglês, o livro dele em PDF The Thai Occult tbm é uma ótima pedida. Visite o site dele aqui.

Caso tenha interesse em feitiços (wicha) de magos tailandeses para causas de amor, dinheiro e todas as outras coisas, pode falar direto comigo enviando causa, foto de rosto todo, data de nascimento, nome completo e região onde mora que eu envio para os mestres. Vídeos dos rituais serão enviados para você. Os rituais não são mais baratos nem mais caros do que os do Brasil, mas costumam ser bem eficientes.

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