2 Problemas psico-espirituais da INTERNET

Internet…algo tão novo e sem o qual não conseguimos nem nos imaginar se faltar nos dias de hoje. Você conseguiria ficar cinco dias sem internet sem se achar um perdido no tempo e no espaço? Dificilmente.

É por isso que devemos no entanto prestar atenção em algumas coisas que passaram despercebidas por estes ultimos vinte anos onde a internet se tornou uma peça fundamental de nossas vidas.  Vou falar das duas mais óbvias armadilhas que enfrentamos de forma quase ignorada pela comunidade acadêmica de estudos mentais e pelos espiritualistas das mais diversas religiões.

Perigo número um no uso da Internet

O primeiro deles é o discurso de ódio. E não, eu não me refiro apenas as pessoas “do mal” que logicamente destilam os seus piores preconceitos na internet, me refiro também ao “ódio do bem” e à todo tipo de patrulha crítica que se baseia em ser boa tentando projetar o mal nos outros, se aproveitando assim do efeito contraste.

Vamos compreender primeiro que é muito mais fácil encontrarmos discursos absurdos, racistas, preconceituosos, cheios de críticas e palavras venenosas sendo escritos na internet do que ditos por pessoas dentro da sociedade em comunicações pessoais. Isso se deve ao fato óbvio de que na internet, nas redes sociais, nós podemos nos comunicar, podemos nos expressar, mas não sofremos as óbvias consequências pessoais e sociais de reprovação e crítica imediatas e presenciais, ou se as recebemos estamos devidamente blindados por uma tela desligável ou um aplicativo fechável, dentro da comodidade de um quarto ou até mesmo no trono do banheiro.

Essa facilidade em se comunicar através de palavras sem a necessidade de mantê-las em nosso corpo e sem a necessidade da “consequência social imediata” é uma condição da qual todos os usuários se “beneficiam”, menos, é claro, os famosos ou que ganham seu dinheiro justamente com a internet.

É por causa dessa falta de “consequência imediata” que a internet com suas redes sociais se tornou não apenas o local onde o tímido crônico pode conversar com uma menina sem ficar roxo de vergonha, mas também no local ideal para a expressão da lixeira mental de muitas pessoas, do pior que temos em nós como indivíduos.

Isso mesmo, todo mundo tem uma lixeira mental, e a menos que você seja um seguidor do new age fru fru que repete todos os dias que é luz, e tudo é luz, já deve ter percebido que em você existe uma lixeira mental também.

Às vezes esse lixo mental fica à nível inconsciente, outras vezes como formas-pensamento, amebas psicológicas que ficam em torno da sua cabeça, vozes desesperadas e confusas em tons de acusações, pedidos e protestos, e quando essas vozes falam alto para dentro de nós entramos num estado de inquietação e ausência de foco, temos perda de energia e de ânimo, nos sentimos impotentes e chamamos isso de Ansiedade. A ansiedade nos desconecta do presente porque é um misto de medo do futuro e raiva do passado, frustração com o que não foi conseguido (ou perdido) e medo do que ainda será perdido ou ignorado.

Na psicanálise dizemos que este lixo mental é repleto de desejos inconscientes e repreensões conscientes numa zona intermediária da mente que em tempos antigos se manifestava quase que totalmente em sonhos, tremedeira corporal, nos desmaios de raiva, numa diarréia repentina ou o divã de algum analista. Hoje este lixo mental de frustração e ansiedade se manifesta livremente (e às vezes anonimamente) na internet, nas mais diversas redes sociais, sempre travestido de “opinião”.

O fato é que na internet só existe quem tem opinião, e que opinião pode valer “likes”, que podem valer dinheiro quando são muitos; dinheiro que é o valor pelo qual se troca tudo na sociedade, e isso resultou na equação lógica mas errada de que opinião é igual a valor, e de que todos devemos ter opinião sobre tudo. O problema é que até mesmo Napoleon Hill, nascido na terra onde idéias valem dinheiro e pensamentos te enriquecem, sabia que “a opinião é o produto mais barato do mundo”.  

Apenas a opinião de alguns será valiosa na internet, de outros será apenas um produto barato vendido por atenção. Atenção é para o frustrado uma dose de hormônios que o lembram que ele existe, gerando uma reação de busca por mais. É por isso que quanto mais frustrada ou ansiosa for uma pessoa, mais opiniões ela terá a necessidade de emitir, e sobre mais coisas.

É por causa dessa união de necessidade de atenção com exposição rápida de baixas consequências que as redes sociais são um prato cheio para as lixeiras mentais dos internautas. É aqui, na internet, que a mágoa por ter sido traído ou desprezado de alguma forma por mulheres se transforma em movimentos de “vingança”, e opiniões extremas em relação à toda uma grande parte da humanidade não portadora de órgão peniano, por exemplo.

É na internet que o medo de rejeição em detrimento de amigas de melhor aparência, ou até a própria experiência de ser trocada por outra, faz nascer “opiniões” de condenação da sexualidade masculina e do ser masculino em geral.

É nas redes sociais que a frustração em não conseguir uma namorada, ou não ter uma vida sexual, se transforma em “opiniões” racistas e xenófobas que culpam o de fora por problemas que só se resolvem por dentro.

É online que a maioria das mulheres que sofre de raiva do abandono ou maus-tratos paternos (e tem toda nossa compaixão visto o tempo difícil que o ocidente impõe à instituição familiar) traveste seus traumas como sexualidade escancarada, exigências abusivas e críticas à relacionamentos.

É também aqui na internet que as pessoas utilizam grosseria inimaginável, sarcasmo ofensivo e tentativas de ridicularização como primeira reação à sua fala, antes mesmo de qualquer “apresentação”. A maioria dos usuários de internet do mundo seria, no mínimo, expulsa ou convidada à se retirar de quase todos os lugares que frequentam ou visitam pessoalmente, se agissem como agem na internet em suas interações, respostas e reações.

Segundo perigo no uso da Internet:

O segundo mal das redes sociais na internet, ao qual você deve prestar atenção especial, é de que pelos mesmos motivos de ser um prato cheio para a lixeira mental da nossa psiquê, ela é um péssimo condutor de informação sobre você mesmo.

Em acordo com o que agências de inteligência de diversos lugares do mundo confirmam, a comunicação humana é em maior parte não verbal (desconfie de gente que traz a porcentagem, eles estarão te manipulando para parecer mais críveis). Isso porque utilizamos tom de voz, expressão facial, velocidade de movimento, temperatura corporal, movimentos oculares e tantas outras coisas mais na nossa comunicação.

Isso também explica o porque de se você falar 1500 palavras de qualquer idioma conseguindo organizá-las gramaticalmente você já consegue se comunicar com os nativos daquele país, mesmo que seja uma linguagem sem qualquer relação com sua língua natal.

Na internet só temos a expressão verbal, e mesmo com os vídeos, a expressão não é responsiva e sim projetada com um objetivo, ela diz muito menos do que pessoalmente; à menos que se possa escrever um texto de quatro ou cinco páginas (que pouquíssima gente vai tirar o tempo para ler) ou fazer um vídeo de muitos e muitos minutos, não importa o seu nível de excelência no uso da linguagem, é impossível passar sua mensagem com clareza, com a linha de raciocínio para chegar às suas conclusões.

Isso abre espaço para mal-entendidos, ridicularização, exposição desnecessária e até mesmo discussões ofensivas sem qualquer propósito que vão te fazer perder tempo, energia e ânimo no que realmente interessa na sua vida.

O resumo do segundo problema é: tudo que é pessoal e você explica em rede social, você vai ter que explicar ou demonstrar de novo, e corre um alto risco de tornar compreensões complexas e experiências em relatos rasos e sem sentido para quem recebe.

A internet é excelente para passar informações gerais e acadêmicas, mas muito limitada para a informação pessoal, mas insistimos na tentativa de nos expor deste ou daquele modo.

Espero que esta explanação sobre dois problemas comuns por aqui te inspirem a tomar cuidado na internet e nas redes sociais e utilizá-las com mais inteligência, para compartilhar seus momentos e fotos importantes para VOCÊ, e sobreviver em equilíbrio num mundo que vive entre a seriedade ansiosa das interações pessoais e o caos absoluto das opiniões online.

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