Neste artigo vamos falar da demonização da energia masculina no ocidente, e do enfraquecimento deste lado tão importante da energia sagrada.
Muito se fala de energia feminina, como se toda magia viesse dela, mas nenhuma alquimia pode vir de um elemento só. A energia masculina, usurpada e criminalizada no ocidente, é uma peça chave no quebra-cabeça magístico para quem quer obter poder e conhecer a si mesmo; sem a qual mulheres não podem se realizar, e homens não conseguem sequer se desenvolver em qualquer coisa.
Não importa seu gênero e muito menos a sua sexualidade, a energia masculina pode ser um elemento que falta na sua vida magística e realização pessoal. Não permita que isso continue acontecendo. Vem comigo até o final deste artigo, e tire suas próprias conclusões.
Você aprende aqui:
Tantra ocidental x Tantra oriental
Primeiro deixe eu lhe introduzir à palavra Tantra, este nome vem do sânscrito e significa literalmente “tecer” (no sentido de teia). O Tantra portanto, é a ideia de tecer uma teia, dar continuidade à algo. Um tantra é um sistema que serve para passar determinado ensinamento adiante.
Os antigos “tantras” eram formas de determinadas tradições e mestres passarem adiante seus métodos. Quem recebia um Tantra recebia uma série de conhecimentos catalogados e organizados, geralmente sobre determinada Yoga ou prática devocional ligada à alguma deidade ou ao desenvolvimento de alguma capacidade psico-espiritual.

Agora que você sabe o que é Tantra, pense que nos anos 60, logo que iniciou-se a era Hippie, a nova espiritualidade que nos permitiu chegar até onde chegamos hoje, houve um imenso interesse pelo esoterismo e a filosofia oriental, especialmente a hindu antiga.
Dentro destes interesses, em parte motivados pela abertura ao “novo”, em parte suscitados por conceitos teosóficos orientalistas, estava a palavra Tantra.
Então quando que Tantra mudou o seu significado? A partir do momento em que passou a ter uma conotação de ensinamento apenas sobre energia sexual. Mas isso só aconteceu no ocidente mesmo.
Não é difícil entender o por quê. Veja, a sexualidade feminina sempre foi demonizada e criminalizada no ocidente, mas não só ali! Varias tradições de budismo não aceitavam (algumas até hoje) mulheres como possíveis discípulas no Oriente, e muito menos como possíveis mestras.
No entanto, os Tantras (ensinamentos) Kundalínicos (que ensinam sobre Kundalini e a energia sexual como fonte de vida), traziam uma visão bem diferente sobre isso. Existiam vários Tantras de Índia, Nepal, Caxemira e Tibete que apresentavam a energia feminina como algo sagrado e essencial em ambos os gêneros!
Tantra, por isso, mesmo aqui no oriente pode arrepiar “mestres” de linhagens machistas e feminifóbicas, pois são ensinamentos diretamente contrários às suas tradições, e que tem uma visão oposta dos demonizadores da energia feminina.
É por isso que no ocidente, a palavra ganhou a conotação de sexualidade feminina liberada, de sexo com consciência energética, de “troca de amor”, tudo menos o significado de fato da palavra oriental, e assim nasceu o Neo-Tantra, ou o tantra ocidental.
Não digo isso para menosprezar o neo-tantra ocidental, mas verdade seja dita, temos que diferenciar. No Oriente existem tantras que variam de alquimia sexual, formas de meditação para obter determinados siddhis (poderes), até matar desafetos por magia e projeção de energia de raiva, ou prana contaminado. Não é a mesma coisa do que se fala no ocidente.
Energia feminina e masculina nas pessoas:
Existe, no entanto uma semelhança em todos os tantras do oriente que falam da energia sexual. Eles não separam homens e mulheres como portadores exclusivos destas energias. No Tantra ao qual eu sou iniciado, meu Yidam (meu “eu divino” naquela energia), é uma deusa, Kurukulla.
Mulheres podem ter Yidams masculinos também, várias tem. Tanto homens quanto mulheres possuem energia masculina e feminina. Uma mulher pode desenvolver sua energia masculina e um homem pode usar sua energia feminina, e não, isso não vai alterar sua sexualidade (a coisa que você gosta).
Se trata de uma alquimia interna que C. G. Jung chamava de dinâmica entre anima e animus.

Por isso nem na psicologia Junguiana, nem muito menos nos Tantras antigos e nas práticas energéticas orientais, a energia masculina é exclusividade de homens, nem a feminina de mulheres.
Essa separação é como dizer que uma pessoa canhota não precisa da mão direita, ou que um destro pode amputar sua mão esquerda. É absurdo assim.
Por que demonizaram a energia feminina?
Uma das dúvidas mais óbvias que vejo nas pessoas é geralmente respondida também de forma óbvia, mas nunca faça isso. Por favor, aprenda que uma pergunta óbvia precisa de uma resposta inteligente, para salvar o tempo de quem responde e a ignorância de quem pergunta.

Fato que a energia feminina foi condenada em praticamente todo o ocidente, e esta condenação também acontecia de forma mais “separada” no oriente, com alguma variação pelo menos, mas nem por isso menos intensidade, especialmente por parte de religiosos e mulheres poderosas.
Isso porque a energia, para os olhos não treinados, se liga apenas à expressão sexual. A expressão sexual é UMA expressão da energia feminina ou masculina, mas acaba que por ser a mais intensa, é esse o significado que se massifica há milênios.
Se o significado vira algo apenas sexual, então é lógico que a sexualidade feminina é muito mais forte que a masculina, uma mulher é capaz de entregar sua sexualidade vezes seguidas para várias pessoas diferentes, seu órgão sexual é mais desenvolvido para a variedade, mais valorizada em termos de “demanda e oferta”; mas ela engravida, então as consequências são maiores.
É por isso que a mulher virou “a honra” do homem. É por isso que quando um exército entrava em determinado lugar, mulheres não eram exterminadas mas eram com quem eles “acabavam com a descendência” dos homens vencidos. É por isso que a sexualidade feminina sempre foi um “risco” para o homem, pois significa sua permanência ou exclusão total de seus genes.
Era também um prêmio, uma confirmação de vitória sobre outros homens e sobre a natureza, pois apesar de uma mulher poder fazer sexo com diversos homens em uma noite, ela só poderia engravidar de um.
No clássico grego “Lisístrata” as mulheres fazem uma greve de sexo para parar a guerra entre Atenas e Esparta. Elas foram boazinhas e tinham interesse direto no bem estar dos homens. Se elas fossem más teriam simplesmente se entregado à seus inimigos ou outro povo, e acabado com a descendência de todos aqueles caras que lutavam, em sua mente, exatamente por sua descendência, família e cultura.
A história da humanidade, mesmo em capítulos até bem recentes, não permite ao homem a possibilidade de escapar psicologicamente do “terror” e do “êxtase”, e por isso, do medo e do desejo em relação à sexualidade feminina.
E é por isso que a sexualidade feminina foi tão demonizada de propósito, pois dela dependia a “paz e a guerra”, e toda a estrutura social da maior parte das civilizações, que eram baseadas principalmente na continuação civilizada de sua sociedade e cultura.
Agora, dizer que houve um complô em todo canto onde homens se reuniam e decidiam “cortar as asas” das mulheres do mundo, é algo que nós, que temos intelecto para ler, não podemos aceitar.
Lembremos que mesmo que o poder seja em grande maioria tomado e passado para homens, houve várias rainhas no próprio ocidente que governavam à duras mãos seus reinados. Imperatrizes também no Oriente. Aliás, as imperatrizes não melhoravam em nada a vida das mulheres nem muito menos a sexualidade feminina.
Geralmente, pelo contrário, eram até mais estritas e severas. Na antiga China, onde os nobres possuíam haréns, a primeira esposa que era a chefe da casa, e tratava de fazer um inferno a vida das moças, principalmente das bonitas. Uma moça bonita era um objeto de tortura para as feiosas nobres da China, mais do que um objeto sexual para seus ausentes “maridos”.
Eu vivo no mundo empresarial asiático há alguns anos, e é muito interessante de notar que chefes e líderes de empresas que mais restringem e constrangem a beleza feminina no trabalho são justamente mulheres, geralmente feiosas.
Já vi diretoras proibirem roupa acima do joelho e até maquiagem em empresa, mas não diretores.
Isso é fácil de explicar, o maior inimigo da energia feminina é quem está longe, afastado dela, seja homens que não se desenvolveram nisso, ou pior ainda, mulheres que se afastaram de sua energia feminina, de beleza.
O inimigo mais fidagal da beleza feminina é o feminino que se encontra longe de sua própria beleza. Tanto homens quanto mulheres, com carência desta energia, invejam o feminino exuberante, e por isso essa energia foi tão castrada ao longo dos tempos, e não se engane, continua a ser de forma velada.
Muitas mulheres estão profundamente doentes em relação ao próprio feminino, especialmente as que compram o argumento de que agir de forma masculina é mais livre, mais bonito ou mais digno; e as que por alguma desgraça pessoal se afastaram da própria beleza e se encontram em estado de feiúra.
Bem, mas se você não entendeu eu vou “pro bar” como eu gosto, e dizer de outra forma:

Se você acha que isso é só um meme, eu te digo por experiências que isso é mais verdade que você imagina.
A beleza que eu me refiro é mais a expressão, e não necessariamente o estado de seu corpo ou seu peso.
A maior parte das mulheres consideradas lindas no ocidente são “gordas” para os asiáticos, e muitas beldades daqui seriam comparadas à saracuras no ocidente. Mas uma mulher bonita, independente de seu peso, é exuberante em qualquer lugar, aliás, um homem bonito também.
Fato é que a energia feminina foi demonizada na espiritualidade, e mais recentemente foi exaltada. Eu, como tenho Yidam feminina, expresso minha energia magística com mais características femininas (esotericamente, nada a ver com sexualidade).
Para mim, exaltar a energia feminina como “energia da magia” seria bom, mas seria também hipócrita. Quem sabe qualquer equação mágicka, deve reconhecer que não existe energia maior, mais forte, nem muito menos mais sagrada que a outra.
A falta da energia masculina é algo nada magicko, é um absurdo, e todos pagamos por isso, homens e mulheres. Portanto vamos parar imediatamente de demonizar a energia masculina, e isso inclui nossa sexualidade!
Demonizar a energia masculina agora, em “vingança” pela demonização da energia feminina é como açoitar um braço após ter quebrado o outro. É um total desequilíbrio e sem qualquer lógica.
Cedo ou tarde a conta chega, e parece que a do ocidente já chegou, com juros e correção.
Ser um homem masculino não fere meu lado feminino
A energia masculina vem sendo cada vez mais desprezada e difamada no mundo, mas especialmente no ocidente.
Como quando falamos em energia masculina, a massa só vê a sexualidade, é justamente a sexualidade que sofre com a criminalização e o horror das sociedades (como no passado).
Chegou-se ao ponto em que “gostar de mulher”, ou querer transar com alguma, se tornou algo “vergonhoso” e agora até “maldoso”, como se a sexualidade ou energia masculina fossem sujas, e prestes a sujar tudo pelo que passam.
Em resultado dessa vergonha sobre a sexualidade e os arquétipos masculinos no ocidente, o homem oriental costuma ser muito mais masculino que o homem ocidental recentemente.
Não me refiro à capacidade física, nem levantar peso ou beber. E sim na energia, no jeito e na expressão dos próprios interesses, sexuais ou não. No modo de se divertir sem pedir permissão nem ter constrangimento no “querer” e no “gostar do que gosta”.
Quando falo homem oriental é não apenas do extremo oriente, incluo russos, eslavos, o povo dos balcãs. Todo povo que não recebe influência direta e invasiva do ocidente e seus francismos ou americanismos.
A comparação chega a ser absurda. O ocidente está castrado, masculinamente condenado. As figuras masculinas heróicas ficaram no passado, até os anos oitenta. Após esta era, o homem só é retratado como um “bobão” atrapalhado, ou um pênis em movimento, que entre outros milhões tentando penetrar onde puderem, não tem valor nem sentido.
É a dessacralização da masculinidade. Acontece que a energia masculina é de extrema importância. Shiva não traz um Lingam (falo, pinto) à toa. Drukpa Kunley, o grande yogi pintor de falos que mencionamos no ultimo artigo do site, não era um louco, mas o introdutor de um culto tântrico de verdadeiro poder mágicko, muito influente em todo Oriente.

Não à toa, o romancista oriental mais lido e querido no Ocidente é justamente Haruki Murakami, que não costuma ter muitos fãs masculinos no oriente.

Apesar de já ter lido alguns livros de Murakami, mais pela descrição vívida de paisagens e cenas do Japão moderno, eu nunca gostei nem me identifiquei com qualquer de seus personagens masculinos, que são de sexualidade frágil, resiliente e “inofensiva” demais. Talvez por isso ele seja um tanto quanto desprezado pelo público masculino oriental.
Adendo Cultural:
Na extrema Ásia onde moro por mais de doze anos, muitas pessoas não querem ter filhos, mas isso não tem nada a ver com a masculinidade do homem local, nem muito menos desinteresse por sexo, como alguns falam erroneamente no ocidente.
Apenas em países que pararam seu desenvolvimento, como nosso Brasil, é que sexo ainda é sinônimo de filho em pleno século XXI. O que acontece é que quanto mais se desenvolve, ultimamente, mais um filho se torna um sacrifício de luxo.
Na Coréia do Sul, criar uma criança chega à sete vezes a média salarial de uma pessoa, ou seja, precisa de sete pessoas que ganham a média salarial, para criarem juntas uma única criança. Em Hong Kong e Japão chega à mais de quatro vezes.
Quando iniciei este projeto, já sendo pai, meu salário era uma média salarial (não é salário mínimo, é média salarial de educação superior). Esta relação da média salarial com criação de filho no local onde estava no momento em que minha filha nasceu, é de 3.3 médias salariais.
Ou seja, era necessário os esforços de meus sogros, pois eu mesmo não poderia criar, mesmo ganhando a média salarial nacional (maior que no Brasil). Isso não é uma realidade atraente para a maioria dos jovens orientais.
Ter um filho na “Ásia rica”, onde tudo para crianças está absurdamente caro, onde uma escola varia de oito até trinta mil reais por mês, é um projeto familiar. E ninguém quer necessariamente planejar isso com os próprios pais e sogros. Nada a ver com a sexualidade do local.
Próxima vez que vir algum ogro na internet dizendo que vem para cá para “povoar” a Ásia porque eles não querem ter filhos, pense nessa informação. Ou diga que venha. A desilusão costuma ser bastante educativa, e eu tenho muitos anos vendo eles vindo e indo embora mais “educados”.

Energia tem característica, não gênero:
Como já citamos, a energia masculina não é exclusividade do homem, ela é apenas a dominante, e como uma mão dominante não exclui a outra, a energia masculina não é contrária, nem mesmo rival da feminina.
Assim como seu ouvido esquerdo não está em guerra pela captação de sons com seu ouvido direito, as energias não guerreiam dentro de você. O que pode acontecer é a desarmonia, quando um dos lados está ferido, ignorado ou irritado.
Um homem com problemas em sua energia feminina:
será incapaz de expressar afeto, de se comunicar bem, de convencer pessoas, fazer apresentações, cantar, ou qualquer tipo de expressão artística e de beleza. Será incapaz de demonstrar compreensão, tentando se impor quando puder, ou se retraindo totalmente quando se vir em desvantagem.
Vai ser horas um valentão, horas um covarde, pois a coragem e a estratégia são de polaridade feminina, por isso eram representadas por Athena e não por Ares na cultura grega.
Terá dificuldade de se comunicar com mulheres, de se expressar ou se conectar com qualquer mulher que pareça atraente, se justificando na ausência ou na presença de moedas afetivas, como dinheiro ou outras vantagens, trocando por afetividade.
Não será claro em sua comunicação, criando regras ao invés de sugestões. Terá pavor de ser rejeitado, e terá pouco contato com quem puder fazê-lo (se isolando afetivamente), preferindo a manipulação através da mentira ou do fingimento de “não querer”.

Uma mulher com problemas em sua energia masculina:
Incapaz de se expressar sem medo de julgamento e sem a permissão de alguém que julga mais forte. Terá dificuldade de acreditar em qualquer pessoa; terá a tendência a seguir amizades abusivas (inclusive de outras mulheres) e vontades alheias.
Tendência à vestir roupas largas demais, para se esconder, ou curtas demais para se entregar. Tendência à se fingir e interpretar papéis sociais, horas dramáticos e exagerados, horas frios como quem não se importa.
Terá um comportamento sexual compulsivo, focado em homens com desequilíbrio ou excesso de energia masculina, pois isso falta nelas. Terão a tendência a ser enganadas, utilizadas ou trocadas nestes relacionamentos.
Veja, portanto, que a energia masculina é na mulher tão importante quanto a energia feminina é no homem, e que sua ausência, repressão ou desequilíbrio impacta desde a comunicação até a vida afetiva da pessoa.
A criminalização da energia masculina na sociedade educa as pessoas à cada vez ter menos capacidade de ação, e cada vez mais exagero nas reações, o que pode tornar o ocidente inteiro refém de remédios psiquiátricos em pouco tempo.
Num mundo com excesso de informação e estímulos, é preciso fortalecer a capacidade de escolher, de se responsabilizar, e até de se sacrificar pelo que se propõe a fazer, e isso é algo típico da energia masculina.
É por isso que parece que o ocidente está enlouquecendo. Apenas falta melhores pais, melhores maridos e mulheres com mais capacidade de sustentar seu feminino com a energia masculina que lhes pertence também.
A alquimia da natureza não trabalha com opostos, se lembre disso na próxima vez que pensar em feminino e masculino como contrários ou rivais.
As linhas do I-Ching
Os hexagramas chineses do I-Ching são uma expressão popular do universo, uma linguagem binária que assim como o 1 e o 0, representam tudo que existe e que pode vir a existir. São construídos pelas variações de seis linhas, abertas ou fechadas.

As linhas abertas são linhas Yin: Femininas, receptivas, geradoras, expelidoras. De onde sai a criação, por onde entra o que é criado. Cria o espaço entre as coisas que existem, representam o vazio e todas as possibilidades que existem no infinito.
As linhas fechadas são linhas Yang: Masculinas, limitadoras (limites são os princípios que fazem a matéria), construtoras de imagens, encerradoras, iniciadoras, portadoras da luz, são o que pode ser visto, o que existe, e tudo o que já existiu.
Estas linhas apresentam o Yin e o Yang como modelos femininos e masculinos que, num jogo de luzes e sombras, são toda a criação. O Yang cria princípios, o Yin dá a abertura para acontecer a criação, recebe e nutre, depois lança para fora, e nasce mais Yang.
Todas as pessoas que condenam a energia masculina, seja em sua sexualidade, em sua expressão social, e até na sua capacidade limitadora e fechada, estão em desequilíbrio e ataque direto da energia Yang e das linhas retas do livro da Vida.
Estão, portanto, em pecado contra si, contra Deus, a natureza e o universo.
Recuperando sua energia Masculina:
Como ja deve ter ficado óbvio, o problema nunca é a polaridade masculina ou feminina da energia, e sim se ela se manifesta positivamente, ou negativamente.
A energia masculina tóxica traz:
Imposição, agressividade, covardia, fuga, sadismo, crueldade, ridicularização, violência e profanação.
A energia feminina tóxica traz:
Manipulação, mentira, dissimulação, hipocrisia, masoquismo, sado-masoquismo, ingratidão e abandono.
Até mesmo a energia infantil, quando intoxicada, negativada, pode ser nociva à sociedade e ao ser humano. Existem crianças que são “terríveis” e maldosas, utilizando a própria infantilidade para causar danos à sua volta.
Então como podemos recuperar nossa energia masculina, que foi associada na sociedade moderna apenas às caracteríscias negativas de quando esta adoece ou se intoxica?
Existem várias formas, e eu vou explorá-las em detalhes em conteúdos futuros.
Existe um livro excelente que promove o lado positivo da energia masculina, se chama King, Warrior, Magician, Lover: Rediscovering the Archetypes of the Mature Masculine, onde traz quatro arquétipos que todo homem traz em si, dos quais se pode recuperar a energia masculina saudável e construtiva.
Eu trago para você mais uma solução arquetípica entre tantas que aprendi nos últimos anos, com ocidentais e orientais, psicólogos e mestres budistas-taoístas. Para começar, vamos fazer um pequeno teste psicológico:
Observe a imagem abaixo atentamente. Ela foi retirada do teste de Rorschach, um teste psicológico reconhecido até no meio criminal como confiável e medida de avaliação mental.

Observe e pense por um instante nas coisas que você viu. Foram coisas boas ou ruins? Foram coisas ligadas à violência e monstros, ou foram coisas ligadas ao heroísmo e a figuras complexas animais?
Eu lhe digo o que eu vi na primeira vez que observei esta imagem num teste de um psicólogo britânico:
Vi um gigante sem cabeça, com um pênis grande para baixo, com cabeça de inseto no fim do pênis. Os braços eram infantis, deformados e caídos para baixo. Os pés enormes e disformes, não anda direito e pode pisar em quem está embaixo, não pega as coisas, não retém nada, e é uma figura bizarra, um “risco ambulante”.
Fiquei imaginando que se tratasse de uma imagem sobre medo e coragem, ou coisa assim, mas descobri logo que esta imagem, em específico, é o seu relacionamento com seu pai. A imagem pode representar o seu relacionamento com o que você projeta nela, suas memórias subconscientes do seu pai. E aí, como foram as suas?
Nem preciso dizer que as minhas não são nada boas, não é? Meu pai era uma figura realmente bizarra, mas no princípio da minha infância, era também uma tremenda frustração para mim.
O Pai, iniciador da energia masculina:
Meu pai não sabia educar nem proteger, apenas xingar, berrar, ameaçar e agredir. Era insuportável quando estava bêbado, e podia explodir por qualquer palavra errada, comentário contraditório com o que pensava, ou demonstração de sentimentos.
Meu pai costumava me chamar de “fraco” e de “fraquinho” quando eu tinha uns quatro anos já, pelo que posso me lembrar. Quando eu caía ou passava alguma vergonha, costumava dizer que isso era “típico meu, que tinha que ser eu mesmo”. Dizia pelo menos duas vezes por dia que eu era “um merda”.
Eu nem sei como se pode dizer que alguém é um merda já pelos quatro anos, talvez meu pai tivesse uma visão profética ou fosse um Senhor do Carma encarnado. Isso é mais lógico para uma criança do que duvidar do próprio pai.
Quando eu tinha uns sete ou oito anos, ele dizia que eu era uma menina, e que os outros meninos poderiam me bater, me humilhar e me estuprar (sério).
Eu tive muita dificuldade de processar as informações que, como criança, eu recebia do meu pai. Primeiro porque eu não entendia a lógica delas, e segundo porque eu mesmo não sabia ser ninguém diferente, já que eu tentava fazer com que ele me considerasse um cara legal o tempo todo, ou pelo menos um menino, já que para um rapazinho de oito anos ser chamado de “menininha” não é exatamente uma discussão sobre Yin e Yang. Principalmente quando vem do Pai.
Meu pai me ensinou a ter medo das pessoas. Dos outros rapazes, dos outros homens e também de ser ridicularizado pelas meninas. Eu vivia apavorado pela humilhação, mas era exatamente isso o que eu mais conseguia nas minhas interações infantis, pois era isso o que eu tinha aprendido em casa.
Quando eu tinha onze anos, meu pai perdeu o emprego e se deprimiu profundamente, e nunca mais trabalhou; minha mãe teve de fazer as vezes da casa, e nós, os filhos entramos numa vida de pobreza profunda, chegando a não ter onde morar, e por varias vezes apenas uma refeição no dia.
Passamos de colégios particulares para públicos, onde meu pai dizia que os meninos iriam me ensinar a viver com porrada e macheza, porque eu claramente não era macho. Eu cheguei a pensar que perder todos os meus amigos e ir para um colégio público fosse culpa minha, ou de algum carma, sei lá.
Meu pai naquela época vendeu o computador e perdi também o contato online com as pessoas. Fiquei isolado do mundo. Ele tratava minha mãe mal, e pegava dinheiro para ir jogar; quando ganhava voltava sorrindo para casa dizendo que ia levar todos para tomar sorvete. Quando perdia, voltava pior que o diabo. Quebrava coisas, xingava, humilhava, era um escândalo.
Fato que por muitos anos eu não tive consciência nem lógica para argumentar contra todos os abusos do meu pai, e tudo isso entrava sem filtro na minha mente, eu até me culpava por isso.
No entanto, quando eu tinha 16 anos, nosso cachorrinho, que tinha acompanhado até quando não tínhamos onde morar e fomos acolhidos por uma senhora de igreja, teve um ataque nervoso enquanto meu pai xingava minha mãe numa manhã qualquer.
Eu havia chegado do colégio público esfomeado, mas ainda mais vazio que minha barriga era o pequeno cantinho da casa mínima, onde ficava deitado o Leo. Aquele era um vazio que doía. Eu perguntei logo onde ele estava, e minha mãe disse que ele tinha tido uma convulsão nervosa naquela manhã e estava num veterinário, amigo dela.
Descobrimos que Leo tinha um tumor altamente desenvolvido na cabeça, que surgiu de um coágulo por apanhar frequentemente com a corrente de ferro, meu pai fazia esse tipo de coisa nele quando estava zangado ou bêbado.
Leo precisou de uma eutanásia, pois perdeu a visão e o faro durante o ataque nervoso, e atacava tudo que se mexia ao redor dele.
No dia em que foi receber a injeção, todos saíram de perto para não ver. Meu pai foi para a praia para pensar. Eu, que já tinha essa vocação de encaminhamento, cheguei perto e abracei ele, que não me atacou mas deitou no meu colo, ele procurava alguém pois sabia exatamente o que iria acontecer.
Leo era um cachorro imenso e só morreu depois de quatro injeções. Levei o corpo dele para ser enterrado, e quando voltei para casa, que era bem pequena, o cantinho do Leo parecia imenso, infinito, um abismo de vazio e de angústia.
Naquele dia parei de chamar meu pai de pai, e passei a chamar de Chico. Meus irmãos acabaram me imitando, e passaram a chamar assim também. Ele foi “demitido” até de ser pai naquele dia.
Desculpe por me alargar com estas histórias sobre meu próprio pai, mas acho que meu pai é um grande exemplo de masculinidade ferida, doente e tóxica. E acho que ele pode exemplificar o pai de muitos leitores, simplesmente porque nossa sociedade está criando homens cada vez mais fracos e reprimidos, que vão revelar seus demônios exatamente em quem deveriam proteger, educar e ensinar, características tipicamente masculinas.
Foi preciso muitos anos para perdoar meu pai, e recentemente, em 2023, eu o visitei pois já estava eu sendo pai, e agora é minha vez. Levei meu pai para o Maracanã, assistir um jogo do Flamengo, como seria o normal que ele fizesse quando eu era criança, já que a paixão pelo clube nos unia; eu depois dos 16 até sair do Brasil, só falava com meu pai durante os jogos do Flamengo.
O perdoei, porque o fato de continuar “vítima” dele não me permitiria ser um bom pai, você só pode ser um pai de verdade quando não precisa mais ser filho. Só pode ser homem quando não tem mais necessidades de menino.
Perdoamos as pessoas como o que elas são, não pelo que fizeram nem pelo papel que exerceram, pois não somos burros. Perdoamos para fazer melhor, e esta é a melhor vingança de qualquer pessoa inteligente. O que importa é o que nos faz bem, não o que nos fez mal!
Bem, eu sou um pai de verdade, e um homem de verdade também, mas este processo de recuperação não foi fácil, pelo contrário, foi estupidamente árduo e solitário, e eu não o desejo à ninguém, mas posso ensinar, pois é incrivelmente necessário.
Se escrevo tudo isso é porque você precisa saber que o Pai é a imagem divina do homem. Deus-Pai não é uma criação machista, ele é uma projeção lógica, pois viemos de dentro da mãe, então o pai acaba representando tudo que nos cerca, e que como diria o Baby da família dinossauro:

(se você for menor de trinta, vai boiar nessa imagem. Pesquise. Nossa infância nos anos noventa foi melhor que a sua)
Quando estamos feridos e magoados com nosso Pai, temos um rombo na nossa energia masculina, uma corrente que nos prende no chão quando mais precisamos ir para cima de alguma coisa. Essa corrente precisa ser cortada, e não é através da mágoa, do ressentimento nem da vitimização que fazemos isso.
Como crianças, é traumatizante ter de ser pais de nossos pais. Como adolescentes é inadmissível, mas como adultos, se faz necessário entrarmos neste arquétipo; É preciso ensinarmos à nossa impressão de pai (que foi o seu pai) a ser um pai de verdade (que é você); Isso pode ser feito por homens e mulheres, independente.
Eu mesmo sou “mãe” melhor que minha esposa, e isso faz parte de ser um bom pai, como às vezes é parte de ser uma boa mãe virar “pãe” (mãe que é pai). Essas coisas não tem um manual, é como guerra, para vencer tem que se adaptar, mas a gente se adapta quando quer.
Prometheus, pai da humanidade:
Prometheus é a lendária figura grega que vendo que um animal tinha asas, outro garras perfurantes, outro uma incrível velocidade, resolveu “ajudar” a humanidade frágil, animalizada mas com um imenso potencial, e roubou o divino fogo da sabedoria entregando a humanidade.
Foi este fogo que permitiu ao ser humano se tornar inteligente e trilhar o caminho dos deuses, podendo nos tornar divinos também, possibilitando que a humanidade tenha nos deuses seus arquétipos e destino.
Ele foi severamente punido por isso, e sabia que o seria. Seu castigo foi ter o fígado devorado por águias gigantes, e depois se regenerar, e novamente ser devorado todos os dias.
O sacrifício de Prometheus possui dois arquétipios: O PAI e o Trazedor da Luz.

Prometheus é também uma das máscaras deíficas de Lucifer, o trazedor da luz. No esoterismo gnóstico, Lúcifer é o pai da humanidade. Foi ele quem demonstrou o fruto sagrado e permitiu que o ser humano começasse a trilhar o caminho de evolução da árvore da vida.
Ele que tornou o corpo humano habitável para almas em desenvolvimento, e utilizável no caminho da evolução. Foi ele que possibilitou o samsara e a roda da vida, que é uma oportunidade e não uma punição.
Punição, por sinal, ele quem teria recebido. Deposto de seu cargo de Anjo da Luz, Portador da Luz, e expulso de um suposto paraíso que não significa nada mais do que “a ordem natural”, a separação do divino e do profano que seríamos nós, ele foi demonizado pelo ocidente inteiro.
Lúcifer é por isso o pai da humanidade, e Prometheus uma de suas muitas faces em diversas culturas e realidades diferentes.
A imagem do portador da Luz (energia Yang) é a imagem mais divina da energia masculina. Foi direcionada à mulher por isso, pois ela é o polo onde se pode gerar e reproduzir esta energia.
A energia masculina é o início da humanidade e da divindade do ser humano, essencial para todos nós.

O que existe aqui é a lição do Pai, trazedor da energia Yang (luz, criação) e capacitador através do próprio sacrifício. Existe um ditado argentino que diz: “el padre no tiene vientre pero tiene espalda”, o que significa que tem as costas para proteger seus filhos, a capacidade de sacrificar e renunciar pelo bem daqueles que vêm.

A capacidade de renúncia do pai é o primeiro sintoma de amadurecimento, de dedicação e de sua função como quem pode não trazer à luz, mas sim trazer a luz até aqueles por quem se responsabiliza.

Conclusão
O arquétipo do pai não é apenas aplicável à paternidade. Uma vez que se associa e se resolve com o arquétipo do pai, se harmoniza com a sexualidade masculina, e com a capacidade de criação e de dedicação, mesmo que isso signifique sacrifícios momentâneos.
É também um arquétipo de amadurecimento, de cuidado, compaixão e de força. Por isso um homem que expresse este arquétipo paternal tende a ser mais atraente para as mulheres de todas as idades, mas principalmente as jovens (agora você curtiu).
Uma pessoa que esteja de bem com sua energia masculina pode se expressar com segurança, educação e nível. Pode ver os outros como “crianças feridas” que todos somos, e dominar interações à partir da compaixão e da doação de seu conteúdo, mas também da imposição de limites e bom senso.
Eu aqui, te envio um pouquinho deste amor paterno, e quero que saiba que homem ou mulher, você não está só, nem em suas dores masculinas paternas, nem filiais. Todos somos iguais e fazemos o que podemos, você pode, no entanto, fazer melhor.
Fique ligado para mais sobre este assunto, peça por ele e eu vou aprofundar mais, pois tem muita coisa para ser dita.
Estamos criando um método todo de harmonização para recuperar sua energia masculina, paternal e de expressão, que vai te ajudar em TODAS as áreas de sua vida; especialmente relacionadas à afetividade, sexualidade, prosperidade e poder pessoal.
Até lá, lembre de nos seguir no instagram, que é onde anunciamos nossos novos artigos. Compartilhe este texto, para que chegue em quem precisa (e todos precisamos), eu conto com você neste meu começo de trabalho para te trazer conteúdos e soluções únicos.
FIAT LUX!
Muito legal esse assunto, fico na espera de outros conteúdos do assunto de forma mais pratica
Ola “D”. Você achou pouco prático colocar o arquétipo paterno em sua vida? Costumamos fugir de “passo a passo”, pois inevitavelmente cai numa parte ineficiente de “método”. Mas fica anotada sua sugestão. Gostei. Pode ser que tenhamos um curso sobre isso no futuro, de forma mais detalhada e metódica.
Muito bom esse texto Martin, por mais conteúdos como este. Continue!
Que bom que gostou, Luiza!