Você com certeza já passou por momentos difíceis e sabe que quando eles passam, porque sempre passam, ficam apenas dois caminhos na vida: Crescimento ou Diminuição do que se é.
Quando acontece uma diminuição do que se é, nos vemos pequeninos em relação à situações e problemas que passamos, e lidamos com o chamado “trauma”.
Quando, no entanto, existe a cicatrização do trauma, a situação se transmuta em experiência, de onde tiramos orgulho, auto-confiança, e até mesmo compaixão, por si mesmo e pelos demais.
É sobre isso que se trata uma deidade relativamente “nova” do budismo esotérico tibetano, Drashi Lhamo; leia com atenção para saber a relação dela com a sua própria vida.
Você aprende aqui:
Drashi Lhamo: A guardiã da transformação
Também chamada de Zashi Lhamo (variação linguística), Drashi Lhamo é uma deidade tipicamente tibetana. A origem de sua iconografia data do século XIX, e duzentos anos de idade ainda é idade para ser considerada uma “novinha” no budismo esotérico tibetano.
A história é a seguinte:
Existe até hoje um templo chamado Drashi Gon, localizado em Lhasa, capital tibetana. O templo tem este nome pois “Drashi” em tibetano significa “quatro mestres”, e sempre viveram quatro mestres no templo, sendo constantemente repostos ao longo dos séculos.
O quatro monges que moravam no Drashi Gon eram sempre mestres escolhidos à dedo direto do gigantesco Templo Sera, eles se destacavam em atividades de divinação e arte budista esotérica.
Este templo era um pequeno santuário praticamente ignorado, pois fica entre o Templo Sera e a Catedral Jokhang, ambos pontos de peregrinação há milênios.
O templo Sera era famoso por ser (e é) imenso, com uma variedade artística de enlouquecer qualquer amante da arte budista oriental antiga; já a catedral Jokhang, por conter estátuas gigantes e majestosas, uma delas do Budha Shakyamuni que data mil e poucos anos já.

Um belo dia, os quatro monges do templo Drashi Gon meditavam ao ar livre, quando ouviram um barulho de algo rompendo a barreira do som.
Como algum deles deve ter lembrado que não existia avião na época, gritou para os outros, e o que eles viram foi uma figura voando rápido pelos céus, que flutuava, ao que contam as escrituras, na direção da capital da China.
Essa figura foi descrita pelos monges como uma deidade-demônio feminina, com rosto monstruoso, uma imensa língua para fora, olhos esbugalhados e vestida como uma “princesa”, toda em dourado e preto.
Se você visse uma figura fantasmagórica assim pelos céus, com certeza duvidaria de sua sanidade, e eu provavelmente molharia as calças, mas não foi isso que os quatro mestres fizeram, afinal, eles eram mestres.
Os monges tiveram a ideia de fazer rituais para esta deidade, para que ela encontrasse morada no templo Drashi Gon, e passaram a chamá-la de Drashi Lhamo, já que Lhamo significa Deusa Magnífica.
Assim nasceu o culto à deusa magnífica de drashi, ou Drashi Lhamo. Além do nome, eles produziram artes da deidade, mantras, e começaram a meditar na imageria dela, invocando a sua presença.

O fato ficou famoso. Era uma época política conturbada na China, a dinastia Qin já estava fadada à sua trágica queda, e uma deidade voando em direção à capital chinesa, num templo que ficava na esquina da embaixada Sino-Tibetana, também fez com que muita gente voltasse a sua atenção para o Drashi Gon.
Há quem diga até hoje, que a deidade teria voado para proteger aquela região que vivia em guerras, e que simpatizou com os monges, o templo que a reconheceu e o culto iniciado, e acabou criando seu ponto de força por lá.
O culto de Drashi Lhamo em Lhasa é feito com mantra, arte e cerveja. Sim, cerveja. Como a cerveja da China continental é horrível, a história se torna, para mim, totalmente fundamentada e ela tomou morada no Tibete.
Curioso é que o Drashi Gon era um templo dedicado ao culto de Palden Lhamo, a deusa irada que é guardiã de todos os mistérios do Vajrayana (budismo esotérico tibetano), então se aceitou que Drashi Lhamo seria uma manifestação de Palden Lhamo.

Palden Lhamo, por sua vez, é uma manifestação de Ekajati, uma das vinte e uma Taras. Ekajati é a temível Tara Negra, a manifestação demoníaca de Tara como destruidora de espíritos maus, que é citada nos sutras de Mahakala.

Palden Lhamo e Ekajati são ambas deidades iradas poderosas e temíveis, de culto público porém ritualística restrita à iniciados.
Ekajati é a face irada de Tara que lutou ao lado de Guru Rinpoche (Padmasambhava), o introdutor do budismo no Tibete, subjugando todos os espíritos malignos e poderosas forças da natureza para trabalhar dentro do que chamamos de Vajrayana, ou budismo esotérico tibetano.
O culto de Drashi Lhamo logo se tornou popular em Lhasa e em todo o leste chinês, pois além de um grande poder de divinação, ela começou a se destacar por levar prosperidade à quem se encontrava em situações financeiras difíceis.
Drashi Lhamo foi se tornando conhecida aos poucos como deusa da riqueza. A diferença dela para com outras deidades de riqueza como Mahakala, Dzamballa, Tara Amarela e outros, é de que Drashi Lhamo favorecia mais quem estava numa situação inaceitável, numa situação financeira ruim.
Ela transformava coisas ruins em coisas boas, ou escassez em abundância. Por isso muitos mercadores, comerciantes e gente que ia mal nos negócios, começou a ir ao Drashi Gon para pedir à Drashi Lhamo que seu fracassado negócio se tornasse um sucesso.
Algo mais interessante ainda, na minha opinião, é que uma imageria dela escapou da região recentemente, algo que era “esotérico”. Esotérico é literalmente “conhecimento sagrado interno”, e exotérico, é o conhecimento sagrado externo.
A imagem que recentemente “escapou” e tomou o gosto dos populares, especialmente praticantes chineses é esta:

A imagem mostra toda a ferocidade e temerosidade da deusa reduzida a uma máscara, e de dentro dela, se revela ainda que parcialmente, o rosto de uma linda princesa oriental.
Esta imagem ganhou imediata popularidade, e muitos devotos de Drashi Lhamo, resolveram (compreensível) trocar as imagens assustadoras da deusa por esta, que ganhou várias versões, inclusive modernas.
Confesso que foi depois de adquirir esta linda imagem esotérica de Drashi Lhamo que me chamou a atenção, que decidi me aprofundar nesta deidade, lógico. Homem é muito bobo mesmo, né?
Não pense que as deidades não sabem disso, e sabem exatamente como atrair seus devotos, como é historicamente conhecido no caso de Kuan Yin.
Brincadeira à parte, assim como aconteceu com Daikokuten no Japão, a imagem da deidade irada em sua forma leve e sorridente, atraiu muito mais devotos, e a devoção à Drashi Lhamo agora está mais forte do que nunca no oriente.
Quem resiste a um sorriso feminino se revelando após o medo?
O que pouca gente sabe, mesmo os seus novos devotos, é que essa não é uma “jogada de marketing” religioso, e sim um conceito esotérico de transmutação.
É que talvez, os grandes dragões de nossas vidas, os monstros assustadores, os traumas, tenham todos por trás um lindo rosto de princesa, generosa, rica, sorridente e pronta para se entregar como sucesso e alegria. Mas não sem antes passar pelo medo, representado pela face de irada de Drashi Lhamo.
Este conceito não é algo “novo”, muito pelo contrário; Drashi Lhamo, apesar de ser a nossa novinha, vem de duas deidades muito antigas, Palden Lhamo que por sua vez vem de Ekajati, ambas deidades tântricas, ou seja, que fazem parte do panteão mais antigo do budismo.
Essas deidades tântricas vem dos ensinamentos mágicos dos 84 mahasiddhas, que por sua vez inspiraram a tradução e prática esotérica por parte dos budistas do extremo oriente.
Ensinamentos estes que foram (e são) categoricamente rejeitados por budistas canônicos que seguem os caminhos Mahayana e de escolas afins, e que por isso resultaram no nascimento do budismo esotérico tibetano (Vajrayana).

Estas deidades tântricas muitas vezes tem uma simbologia dúbia: A entrega erótica e o vigor agressivo, a feiúra e a beleza, o medo e a proteção, etc.
Drashi Lhamo em sua representação moderna de linda deusa atrás de uma máscara de deidade irada das mais assustadoras como se vê na imagem acima, representa além da transmutação, a dualidade da realização em nosso mundo dual:
A certeza de que muitas vezes o que desejamos se esconde atrás do que tememos. E de que o que tememos muitas vezes é o caminho para atingir o que desejamos. Encontrar o equilíbrio entre o querer e o que se teme, entre o que se ama e o que se repele, é dominar o Yin e Yang do nosso mundo dúbio.

Drashi Lhamo é o sorriso da Peach no final do jogo de Super Mario, que passou por mundos, encanamentos gigantes e fases complicadíssimas para conquistar.
Você aprende com a dor?
Muita gente diz que aprende com a dor e com o sofrimento. Eu acho isso absurdo, pois o sofrimento em si não ensina nada, nós é que temos de transformá-lo em alguma coisa, ou seja, dar significado à ele.
É possível aprender com o sofrimento, da mesma forma que é possível aprender com o prazer. No entanto, o êxtase é egoísta. Já narramos na nossa iniciação ao culto de Kuan Yin, a história de Daisho Kangiten, o deus elefante do êxtase.
Ele era extremamente egoísta e escravizador, só se convertendo ao ser abraçado por Kuan Yin; Ainda podendo se tornar um demônio egoísta de novo, caso a manifestação de Kuan Yin se afaste dele. Isso porque no budismo esotérico, o êxtase deve ser sempre unido à consciência divina, e não pode esquecer a compaixão.

Sem compaixão, não existe êxtase compartilhado. O prazer se torna egoísta e escravizador, e esse é o ensinamento esotérico de Daisho Kangiten, do budismo esotérico sino-japonês.
Agora, voltamos nossos olhos por um momento ao budismo esotérico tibetano, e vemos Drashi Lhamo com sua simbologia de transmutação do medo, do terrível, em algo belo, convidativo e empático.
É possível aprender com o prazer e é possível aprender com a dor. O prazer com consciência de compaixão é aprendizado, pois é amor. Já a dor com consciência de compaixão é aprendizado, pois é poder.
Seria muito triste, e muito burro, falemos a verdade, se alguém achar, como muitos pregam, que apenas a dor e o sofrimento ensinam. Vemos que existe de imediato uma ausência de amor em quem pensa assim, e um certo fetiche por poder.
É o poder corrompido, por exemplo, que leva pessoas a achar que a verdade se manifesta na dor. Esse é o tipo de pensamento que levou pessoas à considerar na idade média na Europa (e em vários locais antes dela) que confissões feitas sob tortura revelariam verdades convenientes.
A dor não deixa escolha. O trauma não dá opções, a doença busca a cura com todas as energias disponíveis. É possível aprender portanto com a dor, mas se este for o único método disponível, não nos tornaremos mais fortes, e sim mais tiranos.
Quando o medo e a dor são compreendidos como um movimento da natureza de nosso mundo momentâneo, onde existe o equilíbrio de luzes e trevas, sabemos que o medo e a dor são um movimento desesperado em direção à compaixão e a alegria.
Drashi Lhamo aparece com a língua de fora, como Kali e outras deidades orientais. Essa língua de fora significa um estado alterado de consciência que está acima do tempo-espaço, é por isso, por exemplo, que Kali pisa em cima de Shiva, ela está acima do tempo.
É por isso que um dos dois Hei Bai Wu Chan (黑白无常), deuses populares da morte na China, tem uma língua para fora também. Porque a morte das coisas é o tempo passando e transmutando tudo.

O controle do tempo é fundamental para estas deidades que apresentam “o obscuro”, seja Kali, Hei Bai Wu Chan, e mesmo Drashi Lhamo. O tempo é fundamental para curar o trauma e a dor. O tempo vence o medo; são inimigos fidagais, e por isso perdemos tanto tempo quando estamos agindo sob controle do medo.
Tirando confiança de traumas e dificuldades
Conscientes agora de que tanto a dor quanto a alegria podem ensinar, dependendo de quem aprende, fica a dúvida: Como transformar o trauma em poder?
O tempo é um agente atenuador, é necessário, porém sozinho nada faz, e por isso as grandes deidades orientais transmutadoras da escuridão e da morte, estão “acima do tempo”.
Primeiro é preciso ver que a deidade que estamos estudando, Drashi Lhamo, veio dos céus, estava voando. O “movimento” pode ser uma fase essencial da transmutação.
Movimentar, mudar de lugar, mudar de conceito, de ciclo social, de país, de parceiro, do que for. A movimentação é parte essencial da transmutação, e não significa apenas movimentação física; mais uma vez, se trata de um conceito esotérico, espiritual.
Segundo, nossa Drashi Lhamo vem de uma forma irada de Tara, que na verdade está longe de ser um demônio, e é a deusa mais simpática, feminina e jovial de todos os panteões do mundo.
Ela já era, desde o início, a deusa da compaixão. Sem compaixão nossos traumas não podem ser curados. Não confunda nunca, no entanto, compaixão com pena. A pena está para a compaixão como o funk está para a música.
A pena é uma caricatura da compaixão. É a compaixão deformada, de mal gosto e desinteligente. Pena é projeção egoísta, enquanto compaixão é empatia, reconhecimento.
A pena é o horror de se imaginar no lugar do outro, enquanto a compaixão é a empatia de sentir e entender o sentimento do outro. Por isso que Avalokiteshva e Tara são as deidades mais próximas da humanidade. Eles sentem todos os seres do nosso mundo.
Compaixão pelo quê? Primeiramente compaixão e perdão por si mesmo. O trauma que é o encontro com o mal, é produto de nosso “não saber”, e de variáveis que só são reconhecidas após se mostrarem.
As forças dos acontecimentos são muitas vezes forças sobrenaturais, não compreendidas, e talvez uma única forma de entrar em contato com elas para tentar reconhecê-las é através do símbolo.
É isso que faz o budismo esotérico, seja tibetano ou sino japonês, com suas deidades-demônio, seres que representam forças da natureza e da vida que estão além de nossa compreensão temporária dessa encarnação.
Por isso compaixão por si, compreensão e atenção podem fazer com que você se cicatrize muito mais rápido, pois a compaixão não é egoísta, ela é empática, quem tem compaixão consigo tem com os outros.
Mais uma vez, nunca confunda com pena. Quem tem pena de si mesmo se afunda ainda mais no trauma, na dor e na escuridão. A pena te coloca na posição de vítima, e tira a responsabilidade do seu “não saber”. Uma culpa projetada nos outros, esbarra sempre em nós mesmos de novo, toda projeção de energia acontece por “espelhamento”.
Quando começar a ter pena de si mesmo lembre-se, a pena está para a compaixão como o funk para a música…

que a compaixão é massa…
eu conheci a japonesa
e ela disse me amassa”
…tum tcha tchatum tum tcha…tum tcha tchatum tum tcha.
E assim, vemos que com tempo, movimentação e compaixão é que se transmuta o encontro com o mal, o trauma, em uma cicatriz positiva. Essa cicatriz a gente chama de experiência.
Uma pessoa experiente tem mais empatia e resiliência. Valoriza mais as coisas positivas e boas. Liga menos para críticas, ouve menos ao medo, e principalmente…não se leva tão a sério.
A experiência nos faz adultos. Mas o que é um adulto?
Se fôssemos adeptos da conscienciologia provavelmente escreveríamos assim:

Com o perdão de Zéfiro, o nosso querido professor Waldo Vieira, o fato é que o adulto é a criança consciente, e sem esta primeira consciência, de nada vale magia, esoterismo nem espiritualidade. Tudo parte de quem você é.
Iniciação: Para que serve?
Existe uma deidade no budismo esotérico tibetano que está entre as minhas preferidas, conhecido como Dorje Drak; Em vida, foi um feiticeiro especialista em diversas práticas de deidades poderosas. Ele se chamava Ra Lotsawa.
Existe um livro em inglês, que é tradução de textos tibetanos que datam do final de nosso século XI, ou seja, quase mil anos atrás. É uma leitura difícil, o inglês traduzido não foi adaptado, e a linguagem arcaica dificulta muito.
Mesmo assim, se você for fluente em inglês, e se achar blasé o suficiente para ler inglês arcaico e poético, recomendo o livro “The All-Pervading Melodious Drumbeat: The life of Ra Lotsawa”. Eu me esforcei para ler o livro, e estou relendo, pois a figura de Ra Lotsawa é incrível!
Ele é a mistura de feitiçaria e sagrado, é a cara do budismo esotérico. Entre duelos de magia com rivais e outras coisas “condenáveis”, Ra Lotsawa é um personagem muito humano e por isso muito interessante. Ironicamente é uma deidade, e historicamente é um dos maiores tradutores de material esotérico tântrico para o extremo oriente.
Neste livro, passamos por páginas e páginas onde Ra Lotsawa procura mestres isolados nas montanhas, viaja e consegue dinheiro para investir em iniciações.
Ra Lotsawa era um peregrino estudante de magia, vivia para isso. O que fica muito óbvio no livro é a relação dinheiro-conhecimento que existe no oriente, especialmente nas linhas mais esotéricas e de feitiçaria também.
Ao passo que os budistas exotéricos muitas vezes se tornavam monges com votos estritos de pobreza (nem tocavam em dinheiro), os budistas esotéricos e os herdeiros de mistérios mágickos nem cogitavam ensinar sem cobrar, e geralmente cobravam caro.
No budismo esotérico e na magia oriental, a ausência de cobrança, especialmente de pagamento, é uma ofensa muito grave, e não deve sequer ser mencionada, pois é um tabu cultural de “desvalorização” da arte da pessoa.
Mas não se decepcione! Aqui no oriente, se você aparecer querendo estudar magia oriental sem dinheiro mas com boa vontade para aprender, uma mente pura e muita sinceridade no seu coraçãozinho cheio de amor pela humanidade, ainda assim você pode aprender alguma coisa…

A verdade é que o primeiro e óbvio motivo de “iniciação”, é formalizar a instrução mágicka, a prática, num sistema. Você vai aprender isso após o rito de iniciação, e claro, parte do rito é pagar por isso.
A iniciação nesse sentido é essencial, pois sem pagamento não se tem acesso à instrução completa de um método. Um método para ser entregue, ele deve ser valorizado, pois quem conhece os métodos esotéricos dedica à vida para isso.
Fique calmo(a), estas instruções daqui não te serão cobradas em dinheiro, mas em dedicação de acompanhar a instrução com seu tempo, e claro, a necessidade de você seguir a nossa página do Instagram, novinha, reformada e limpa. Pague com sua fidelidade.
Dito isso, saiba que a iniciação também tem o papel de “iniciar”. Sei que isso soa meio “genial”, mas é que o ritual de iniciação é, ainda hoje, marcado pela introdução, por parte de um mestre que conhece, ao sistema de prática e à deidade em questão.
Na iniciação do budismo esotérico, para cada deidade, tanto no Tibete quanto no Sino-Japonês, é (supomos) explicado em detalhes a simbologia da deidade, a origem, e são dadas instruções para a pessoa aplicar a simbologia em sua vida. No final é dado o mantra da deidade. Neste aspecto, é basicamente o que a gente faz aqui.
A “polêmica” em relação à isso é que a iniciação à uma deidade dentro de determinada escola esotérica, não é válida em outra escola esotérica, obviamente. Então você terá de se iniciar de novo. A iniciação portanto, não é só importante para você ter acesso à deidade, mas sim à escola de onde vem tal prática.
A iniciação à deidade você pode ter tido sem contato com qualquer escola. Possivelmente você, ser traumatizado e cicatrizado, já teve ou vai ter uma iniciação à Drashi Lhamo, por exemplo. Apesar de ser uma deidade “jovem”, me parece óbvio que ela é presente na humanidade desde o início dos tempos.
Existe, no entanto, na iniciação uma outra coisa: uma chamada da energia da deidade. E é isso que causa polêmica. Primeiro porque alguns Lamas famosos como Drupon Rinchen e o meu próprio iniciador Garchen Rinpoche, defendem que esta chamada pode ser recebida em força em qualquer lugar do mundo.
Para eles e diversos Lamas que usam a internet, as iniciações gravadas em vídeo são válidas; para outros tantos não. Esotericamente falando, não tenho dúvidas de que gravações chamam a força e enviam força energética, tanto quanto qualquer evento ao vivo. Mas acho que o problema mesmo começou quando estas gravações passaram a ser disponibilizadas gratuitamente. Imagina o caos…
Para concluir:
Sim, iniciação é essencial para o budismo esotérico, pois ele é “iniciático”; sem iniciação em determinada linhagem, você não faz parte dela. Não tem como representá-la, nem muitas vezes ter acesso à ensinamentos mais antigos. É importante estar dentro da egrégora, e fazer parte de uma tradição meio que te obriga à isso.
Não, não é essencial para você ter contato com a deidade x ou y do budismo esotérico, nem mesmo para iniciar na sua prática desde que você tenha a instrução correta. A instrução correta e a vivência da força da deidade são a iniciação mais forte que alguém pode obter.
Ah, e um detalhe…antigamente, como é narrado na vida de Ra Lotsawa, era preciso procurar quase que um mestre para cada deidade. Cada um era mestre em uma ou duas deidades. Hoje em dia tem mestre aí que vende iniciação até de Padmasambudajesus, se for pedido, sabem de tudo. Isso é estranho, para dizer o mínimo.
Então sim e não, iniciação é essencial dependendo do que você quer; independente disso, eu recomendo iniciações! Mesmo que você não tenha templos por perto, não more no oriente, as online são válidas e confirmadas por muitos monges sérios e reconhecidos, e combatidas por vários outros “mestres” duvidosos.
Pequena Prática de Drashi Lhamo
A prática é “pequena” mesmo, pois é muito nova. Drashi Lhamo tem dois mantras conhecidos, um em linguagem tibetana e outro em mandarim, sendo que o mantra tibetano é o mesmo de Palden Lhamo, portanto é o mantra da deidade da qual teoricamente ela descende.
A primeira prática no budismo esotérico tem sempre a ver com a arte. A observação da arte budista esotérica é o verdadeiro sistema de aprendizado, e fazer a arte, o verdadeiro sistema de ensino.
O monge Kukai, fundador da escola Shingon de budismo esotérico japonês, que aprendeu em chinês, com muito sotaque numa época onde não havia cursos de língua, já dizia que a arte esotérica é a forma de passar as mensagens, pois o mais importante e essencial do budismo esotérico não pode ser traduzido em palavras.
A prática da contemplação da arte esotérica é portanto a primeira parte, e por isso, imprima, ou ainda melhor, mande fazer um quadro pequeno das imagens de Drashi Lhamo disponíveis aqui neste artigo.

Mantra:
Com a contemplação da imagem vem o mantra. Já citamos que existem dois.
O mantra curto em mandarim é o que eu conheço e é o único atribuído diretamente à Drashi Lhamo, sendo todos os outros (inclusive o mantra tibetano utilizado para ela) de suas deidades raízes como Palden Lhamo e Ekajati ou Mahacicitara, a Tara negra.
De qualquer forma, o mantra de Drashi Lhamo em mandarim é bastante forte quando feito 108 vezes. E você vai sentir a presença dela, que é mesmo um pouco temível à princípio.
O mantra é:
Om Mamo Namo Tong Tong Zha Zha So Ha
Tong é lido como Tom, como falamos tom de música, com G mudo. Já a silaba ZHA é pronunciada como DJA.
Com essa explicação fica mais fácil quando você ouvir o mantra no vídeo abaixo:
Oferendas:
Drashi Lhamo gosta de cerveja! Ela na verdade gosta de todo tipo de álcool, mas é dito que ela prefere cerveja. Se for praticar, pode acender uma vela amarela, incenso de sua preferência e cerveja, boa, não ruim, jamais da pior.
Conclusão:
Você agora conhece mais uma deidade do budismo esotérico, pouco conhecida na verdade, e tem acesso à sua simbologia.
Lembre-se de seguir-nos no Instagram, pois eu tive a loucura de excluir mais de 2900 seguidores que vieram de outras redes, para “purificar” e deixar apenas quem está lá por ter lido os artigos do site.
Sua presença é importante, bem como sua divulgação, já que o conteúdo eu sei fazer, mas preciso mais do que uma iniciação, de um exorcismo em marketing, pois realmente sou muito cru, e não sei como nem onde divulgar este trabalho.
Ajude a página a crescer e o meu trabalho a continuar, pois ele é feito para você. Compartilhe!
Nos vemos numa próxima aventura pelo mundo da Magia Oriental!
Além da pequena prática, onde eu procuro para fazer a iniciação?
Só em Lhasa, no templo Drashi Gon. Estive ali no início deste ano. A iniciação formal de Drashi Lhamo, como é uma deidade muito nova, não é popular, nem necessária.