Aqui você aprende:
Culpa: A mente que pune
Existe um tipo de gente que nunca sente culpa, remorso nem vergonha por qualquer de seus atos; a psiquiatria e a psicologia tem nomes para esses tipos: Psicopata (a pessoa que tem disfunção de auto análise no âmbito pessoal) e Sociopata (a pessoa que tem disfunção de auto análise em relação à sociedade).
Um psicopata é uma pessoa perigosa, geralmente dominada por narcisismo e delírios de grandeza, alguém que potencialmente gera danos aos outros. Um sociopata é um manipulador geralmente dominado por suas manias, e as tenta impor no meio social. Ambos tem “patologia”, ou doença mental.
Se você lê este artigo, no entanto, duvido muito que porte estas patologias. O que eu aprendi quando ainda era estudante de psicologia (nos meus distantes dezoito anos), é que Patologia não é algo totalmente errado, nem um crime do qual você, ser culpado, deve fugir totalmente.
A patologia acontece quando coisas comuns e saudáveis se tornam exageradas, passam da medida! É como açúcar alto ou colesterol: é comum e saudável até um certo limite, e se não estiverem presentes, você tem problemas da mesma forma.
Assim como um corpo sem açúcar ou qualquer nível de colesterol está doente, a ausência de características básicas das patologias também indica uma mente doente ou um cérebro disfuncional.

Portanto, a ausência de culpa é uma patologia, pois é algo exagerado. A presença de culpa na sua vida, no entanto, também indica uma perturbação, como açúcar baixo demais no sangue.
Lidar com a culpa, criar seu próprio sistema de ética e do que é conveniente, e não ser culpado pelos meios, matrizes em que vivemos e as crenças que aprendemos na infância…isso tudo faz parte do processo de Individuação, tão essencial para Jung e a Psicologia Analítica.
Isso no entanto é mais difícil que parece, pois faz parte de um fenômeno raro, e mais ainda entre nós brasileiros, cuja mentalidade costuma estacionar lá pelo período de puberdade: O amadurecimento.
Quando não somos maduros ainda, e isso pouco tem a ver com a idade, tendemos à repetir crenças, lições e morais de nossa infância ou de nosso meio.
O problema é que ser maduro tem diversos custos, afinal, agir com maturidade, muitas vezes não é agradável. Se trata de um processo constante, e não se ganha diploma por isso.
Se a ausência total de culpa é uma patologia, saber se livrar de culpas aprendidas com outros, e repetidas por nossa própria mente, é ESSENCIAL na individuação, no Dharma, na Magia, e em todas as áreas, sob pena de prejudicar e atrasar sua vida e a daqueles que dependem de você.

Mais uma vez eu gostaria de dizer isso do alto de minha autoridade de MEXTRE, ser individuado, totalmente resolvido e cheio de psicopatia ou sociopatia, como todo aquele que se identifica e se apresenta como um “mestre” de qualquer coisa.
Mas eu sempre me confesso aqui no Mente Magicka, porque você me lê, nós somos quase íntimos.
Apesar de que sou um sensitivo, “médium”, que se desenvolveu e trabalhou em lugares reconhecidos quando ainda estava no Brasil, por muitas vezes, já me peguei justificando a culpa por isso…
Dizendo à mim mesmo que tal interação me fez muito mal, que tal encontro foi um erro, que tal relação foi repulsiva, e procurei motivos espirituais para mascarar a minha própria mente me culpando, um sistema de punição interno por ter feito algo que não gostei, ou ter errado nos cálculos e parado num local carregado e ruim.
Enquanto que é verdade que existem locais carregados, pessoas de energia esquisita, e que meu campo energético é muito sensível à tudo isso, a culpa é exatamente uma lente de aumento patológica, que torna o processo de reestruturação mais lento, potencializa a ressaca energética, e se aproveita disso para nos punir sempre que fazemos uma escolha errada, ou que não resultou no que queríamos.
Agora, saiba que culpa também é um sentimento básico, e faz parte da educação, pois é impossível criar uma criança (eu sou pai) sem mostrar ou apontar as consequências de suas ações, boas e ruins; do contrário você estará criando mais um “sem-noção” ou um potencial psicopata, que cedo ou tarde será educado pelo mundo (de maneiras piores).
É por isso que a culpa é necessária até certo ponto, pois é o cerne da nossa educação infantil (se foi boa); mas assim como largamos a mamadeira, as fraldas e a necessidade de chorar sempre que somos contrariados (assim espero), deveríamos desenvolver nosso próprio sistema de crenças, ética e moral.
A culpa exagerada, auto punitiva, agressiva e repetitiva, é uma infantilidade, não menos constrangedora que você tentar mamar na sua mãe agora (por favor não faça isso).

Como já falei, no entanto a maturidade é um processo que muitas vezes não é agradável. Temos a tendência de evitar isso e continuar carregando nosso sistema de punição infantil conosco, ou de substituí-lo miseravelmente pelo da Matriz vigente (a cultura do local ou do momento, crenças populares etc).
Uma pessoa pode nos fazer sentir culpados, mas a palmada na sua bunda mental vem sempre de você, sempre de coisas que você carrega, aglomeradas no seu “cantinho do terror”.
O cantinho do terror é um quarto que você tem dentro da sua mente, cujo portão cinza tem a placa de boas vindas dizendo “sou um lixo”. Ali dentro estão os memoriais de cada vez que você se deu mal nessa vida (ainda bem que é só dessa vida!), e essa porta se abre com suas quimeras assustadoras sempre que um novo “fracasso” ou “ridículo” acontece.
Ali neste quarto estão imagens dos seus pais, professores, colegas cruéis, pessoas que te humilharam e abusadores terríveis, deformados e perigosos.
A culpa é uma viagem à este quarto, onde você recebe sua punição, quase sempre disfarçando o passado (pois é só o que tem nesse quarto) com projeções terríveis e tragédias “inevitáveis” que acontecerão no seu futuro. Para isso, a mente utiliza da “prova cabal”: a merda que você fez no presente, supostamente.
Uma vez declarada a sua culpa, você faz uma viagem inconsciente à este quarto, toma uma surra lá dentro (isso você não vê, é inconsciente) e volta bem moído para o seu cotidiano, meio apavorado, meio deprimida, com medo de tudo e todo mundo.
Pois é. É fácil tentar responsabilizar nossos pais, a fé deles e o antigo Jesus Cristo, nosso sistema de educação e coisas do tipo pela criação deste “cantinho” na nossa mente inconsciente…mas a verdade é que nenhum dos personagens que está lá existe fora de você, por mais que tenham as mesmas faces.
Eles são feitos de cinzas de memórias, projeções e emoções com as quais não conseguimos lidar no momento que ocorreram. Eles são amebas mentais que só tem vida porque se alimentam de nossa energia, afinal memória é energia. A nostalgia é um gancho energético que te liga à egrégoras e outros seres no inconsciente coletivo.
É neste quartinho mental que se alimentam todos aqueles que querem nosso mal, e através dos seres que já existem lá dentro, criados por nós mesmos, que eles conseguem nos causar perturbação, nos influenciar de forma prejudicial.
É claro que este quartinho mental, o cantinho do terror, não significa nada perto da eternidade de nossos espíritos, de tudo que já vivemos e viveremos, mas pouco importa pois não temos consciência disso, estamos temporariamente sem acesso à isso aqui nesta encarnação.
Amadurecer pode ser aceitar o fato e faxinar este quarto mental, e muitas vezes precisamos de ajuda para isso. Neste artigo, no entanto, eu quero é que você perceba seu quarto do terror, pois é ali que age a culpa, e é uma das coisas que mais atrapalham a sua vida, e te IMPEDEM de praticar magia, conhecer e realizar qualquer Vontade sua no mundo.
Vamos sair do quartinho e começar a entender um dos processos (a culpa) que sempre te levam de volta à ele, para melhorar a vida um pouco? Nem que seja um pouquinho, vai, você merece, independente do que tenha nesse quarto.
Culpa x Magia: Catalizador de coisa ruim
Quando eu tinha dez anos fui assisitir a estréia do primeiro Harry Potter no cinema. Na mesma semana numa noite, passou um filme chamado “Jovens Bruxas” em tv aberta.
Isso teve uma grande impressão no menino que fui, um garotinho apavorado por fantasmas, super sensível, tentando se equilibrar entre mil problemas familiares, dramas desnecessários e a necessidade de ser “normal”, sem qualquer tipo de explicação, apoio ou expressão, apenas muito medo.

Quando a gente é criancinha acha mesmo que Magia é aquilo ali: Raios de um lado para o outro, vinganças imediatas, efeitos físicos incontestáveis, pactos de poder…uma fantasia toda. É normal.
À medida que a gente vai crescendo na Magia, praticando e estudando, acontece de duas uma:
1 – A gente se decepciona e deixa a fantasia de lado pois a Verdade é fantástica: Nada é verdadeiro!
2 – A gente se decepciona, desiste e volta para as crenças de nossos pais ou a “revolucionária” velha negação de tudo.
Fato é que quando alguém pergunta “o que é magia”, temos duas maturidades em teste: O motivo de quem pergunta e a paciência de quem responde (que pergunta bosta).
Magia tem um monte de definições, e por sorte, várias delas são magistrais. Eu gosto particularmente de algumas que eu cito de novo e de novo, pois acho que elas são essenciais se você tem interesse em Magia:
– “Todo ato consciente é um ato de magia” – Aleister Crowley
– “A magia nada soma, mas tudo multiplica”. – Fra. Caciano Camilo Compostela
– “Magia é fazer a tua Vontade, essa é a Lei de Thelema: Faze o que tu queres, há de ser o todo da Lei” – Aleister Crowley
– “Magia é fazer a tua vontade: Faz o que tu queres, pois haverás de ser por tudo responsável” – Arnold Krumm Heller (fundador da Rosa Cruz Antiqua)
Independente do tipo de definição que você acredita, ou de como pratica Magia, saiba que existe um perigo imenso na prática mágicka, e não, não é nenhum demônio, entidade braba, pacto macabro ou palavra proibida.
O pior inimigo do magista, e que realmente costuma destruir vidas de pessoas que “fizeram uma magia”, principalmente quando a Magia inclui influência sobre alguém, é a culpa. A culpa é um catalizador, um tipo de ar condicinado..
Tudo que você faz em Magia fica amplificado; a culpa cataliza o medo e o joga direto no seu peito, contagia o seu ambiente e cria um processo passível à qualquer desgraça, um tipo agudo de azar.
Isso não é novidade, todo mundo que mexe com Magia em diferentes tradições, em diferentes épocas e culturas já percebeu isso, e por isso que foram criadas crenças no perigo da Magia em si, e “regras” tiradas diretamente da bun…desculpe, daquele quartinho escuro do inconsciente.
Isso explica porque temos em diversas culturas e tradições mágickas coisas como Lei Tríplice (vai voltar três vezes mais forte!), Fan Shi (na China é quando a magia ou espíritos utilizados se voltam contra o mago), carma (em seu conceito ocidental cristão) e afins.
Nenhum destes conceitos é “mentira”, as coisas realmente acontecem assim, principalmente para quem acredita nisso, ou para quem, mesmo não acreditando, faz qualquer tipo de ato mágicko contaminado por culpa, seja no início, meio, fim ou até mesmo após este ato!
Não se pode fazer magia com culpa. A lei tríplice, o Carma ocidental, o castigo de Deus, tudo vem do próprio magista que é o seu universo. Se você acredita em uma lei, mesmo que inconscientemente, ela que vai moldar a sua vida.
A culpa após ou durante o contato com energias externas, elimina as defesas naturais do corpo e obriga o “culpado” à ser punido sob os caprichos das forças envolvidas em suas formas mais negativas, pois a palma exposta chama a palmatória.
Só que isso se torna ainda pior quando envolve influenciar. Todo tipo de influência precisa passar por uma resistência de determinada estrutura; seja física, mental, moral ou empírica.
Por vezes a resistência é quase nula, já que o outro quer a mesma coisa, mas muitas vezes, mesmo que o querer do outro seja favorável, para gerar o alinhamento e fazer acontecer nossa Vontade é preciso dobrar medos, bloqueios e crenças pessoais deste outro.
Para isso, a influência age primeiro como uma pedra, que quebra os vidros que separam o “alvo” de nossa Vontade. É por isso que quanto mais “agressiva” é a forma de Magia, mais ela tende a funcionar no ramo de influência.
Na Magia Tailandesa a influência faz parte das artes “negras”, e muitas vezes são utilizados espíritos e necromancias para obtê-la. Alguns, inclusive, calculam quando a estrutura da pessoa-alvo estará mais frágil, para que seja feita a magia e funcione melhor.
Influência é também um tipo de ataque, ou contaminação, não à toa o vírus mais famoso da família dos gripais tem o nome de influenza. Nossos corpos astrais se protegem da mesma forma que o corpo físico ao encontrar corpos estranhos por dentro, repelindo e eliminando-os.
Influência é parte da Magia, muito importante inclusive. Não acredito em ninguém que se diga magista ou praticante de magia que nunca tenha de fato influenciado pessoas, pois na maioria das vezes é inevitável em qualquer manifestação.
Não acredito também na ética de quem é “contra influenciar” as vontades alheias, ou que chama isso de manipulação, mas no entanto usa maquiagem ao sair, ou mais ainda, utiliza técnica de marketing para vender seus “cursos de luz” na internet.
O fato é que estamos influenciando uns aos outros o tempo todo. Se você esconde ou retoca uma parte do seu corpo que não gosta ou não é bonita, você já está manipulando a visão dos outros sobre você.
Uma magia para influenciar um encontro, por exemplo, não é menos ética do que selecionar cuidadosamente os tópicos e palavras durante seu encontro, exagerar uma ou outra história, vestir uma roupa melhor que o usual, ou realçar seus olhos e lábios saindo bem diferente da aparência que você tem num domingo de manhã.
Aliás, todas essas coisas citadas influenciam muito mais um encontro amoroso do que magia, e se você duvida, tenta ir para um encontro fazendo magia mas ignorando tudo isso para você ver! Depois nos conte o resultado…
A influência mágicka, no entanto, se assemelha a um ataque porque encontrará resistência, e você não deve ter medo disso, nem culpa ao utilizar.
A maquiagem também encontra resistência de memórias de comparação; suas “verdades” selecionadas encontrarão desconfiança, e mesmo as suas histórias mais interessantes podem soar bobas em comparação com aquele ex que pulava de asa-delta, era bom de briga e tinha uma BMW.
Resistência é um processo de auto-defesa natural. E todo tipo de expressão para influenciar alguém deve ser feito sem culpa, com total certeza, e se responsabilizando pelo que está fazendo, sem no entanto pensar no resultado ou se levar muito a sério.
Isso porque expressão é o processo, influência é a ação, e não o resultado. Quem pensa no resultado já saiu do processo de expressão e da ação em si, está desconectado, é por isso que tudo que você quer demais acaba não acontecendo.
Tente fazer um discurso, artigo, podcast, qualquer coisa que te exponha “pensando demais” e sem a intenção firme de passar sua mensagem…é possível que você nem consiga falar.
Por isso, todo tipo de Magia (já que quase todos incluem em algum momento influenciar pessoas) só pode ser feito sem culpa, com confiança e compromisso com o que se faz, do contrário ele se volta contra você.

Este conselho serve para tudo na sua vida. Se for fazer qualquer coisa para influenciar uma realidade, ou se expressar (jogar luz em algo seu), para se exibir de qualquer forma, se comprometa com sua performance e tenha uma Vontade clara, independente do resultado! Essa Vontade vai te proteger, não importa o que ocorra.
Tentar influenciar alguém com “meia força”, ou fazer magia “para ver o que acontece” é como dar um tapinha no rosto de alguém por curiosidade. Você provavelmente vai se dar mal e ter graves consequências, ou tomar um socão do qual nunca esquecerá. Sua ação vai se voltar contra você, três ou dez vezes mais forte.
Um inscrito nosso (e peço perdão por lhe citar, mas é importante), me disse que após ler no Mente Magicka nosso artigo sobre “Por quanto tempo ficamos com a energia de quem transamos”, ele testou a técnica de amarração citada só para ver o que aconteceria, com dúvida e se sentindo culpado depois.
O que aconteceu, pelo que entendi, é que a moça se afastou de vez dele, foi o efeito contrário, e ele teve sorte!
Aqui na China diríamos que ele “pisou no rabo do Tigre”, um modo de dizer para quando fazemos algo estúpido por inocência. Por vezes o Tigre percebendo nossa falta de intenção nos ignora e vai embora (como a moça), mas outras vezes nos ataca e o resultado disso pode ser traumático, para dizer o mínimo.
A inocência protege, mas a ingenuidade condena. Quando se pisa o rabo do tigre, se joga uma moeda para cima, e o melhor dos resultados é não conseguirmos o que nos propomos. Perceba a urgência de entender isso antes de qualquer coisa.
Magia não combina com culpa, não combina com dúvida. A dúvida demonstra falta de Intenção (um dos combustíveis básicos da Magia), e a culpa significa a sentença de punição que você vai receber por isso; o juiz, você lembra quem é.

Culpa x Intenção: Vontade ou Ilusão?
Geralmente não sentimos qualquer culpa quando agimos dentro do que chamamos no meio esotérico de Vontade, isso porque a Vontade nos protege no chamado Estado de Coerência.
A culpa costuma surgir como processo de auto punição ao percebermos que exageramos, passamos do equilíbrio, fizemos algo desnecessário e gastamos energia demais nisso; ou recebemos energias estranhas que estão grudadas em nosso campo energético, e ficamos ressaqueados.
A culpa surge muitas vezes do desejo que achávamos que tínhamos, mas que quando chegou o processo, ou o resultado, descobrimos que não era bem assim, ou até que foi prejudicial.
Muitas vezes é porque o desejo, ao contrário da Vontade, é uma coisa da mente apenas. A mente não tem muita noção de nossa capacidade energética (nem física), e constantemente exagera ou ignora diversos sentimentos que se agigantam com a culpa.

Vou compartilhar mais uma de minhas histórias magickas desastradas:
Quando eu tinha vinte e poucos anos, comecei a dizer para mim mesmo que eu queria ter três namoradas simultâneas (pode julgar o jovem Martin, mas não diga que você nunca quis, julgar é errado mas mentir é pecado).
Claro que não era “qualquer pessoa”, nem era “pelo número”. Eu queria ter três namoradas ao mesmo tempo, todas que eu mesmo escolhi e abordei “do nada”, cada uma tinha que ser exatamente meu tipo, ou alguém que me chamasse a atenção em qualquer lugar.
Eu costumo ser bem intenso mesmo na minha estupidez, e não foi diferente, eu coloquei mãos à obra e consegui mesmo; depois de vários foras (rejeições), tentativas, mandingas,junções e separações; eu deveria estar feliz, eu tinha três namoradas lindas.
Mas eu consegui o que eu “queria” só para entrar em desespero logo depois. A demanda energética, as necessidades afetivas, o drama e as expectativas diárias de três pessoas (comprometidas comigo) em cima de mim deram um bug no meu sistema pessoal.
Era demais para a minha sensitividade e eu me senti como que obsediado, comprimido, enforcado, e logo depois de alguns dias terminei com todas de uma vez só, enquanto tinha um “breakdown” daqueles que a gente se enche de culpa e desejo de “emenda”.
Depois de duas experiências assim, eu percebi (por fim!) que não conseguia me relacionar com tantas pessoas ao mesmo tempo, não com vínculo afetivo pelo menos, três era demais.
É muito fácil a gente se arrepender, se culpar, quando algo extrapola nossa capacidade energética, ou nos contamina de alguma forma negativamente.
Isso não ocorre jamais com a Vontade. A Vontade sequer necessita de um resultado, ela é tudo que o envolve; o resultado vem como parte do processo, como a morte segue a vida e a vida segue a morte.
O processo pode ser curto ou longo, mas a Vontade se encontra nele em cada fase, e não no fim de alguma coisa.
Agora você tem todo o direito de perguntar, e isso não é uma pergunta boba:
E como eu sei o que é a minha Vontade, e não apenas uma ilusão de poder e desejo que pode me fazer sentir culpa durante ou após o processo?
Sua pergunta foi repetida por séculos, e muitas pessoas tentaram responder. Para os Thelemitas, seguidores do magistral Aleister Crowley, a Vontade é a expressão da própria estrela, o que se manifesta e resulta de rituais psico-espirituais e técnicas de auto influência mental.
Eu gosto de Thelema, tanto o que começa no ritual e termina na meditação, quanto o que atira o adepto às raias da loucura, direto no que tem medo e desejo, algo que já fiz muito por muitos anos.
Agora, duvido da eficácia disso fora de um sistema esotérico estruturado, ou um ensinamento assistido e instruído passo a passo. Algo que, infelizmente, está ficando cada vez mais raro em qualidade e abundante em ilusão.
Tive também um mestre brasileiro que me dizia que a Vontade é diferente do querer porque ela se manifesta no corpo inteiro. Você sente a Vontade no corpo, porque o espírito anima o corpo, e a sensação vem de baixo para cima, de dentro.
Isso também é verdade, assim como a interpretação Thelêmica. Eu vou adicionar, no entanto, uma interpretação de como eu tenho visto isso na minha vida e na de outras pessoas.
Meditação ajuda mas por si não soluciona a questão. Como bom seguidor do Dharma da Fina Linha vermelha, eu entendo que:
Diferenciar os “quereres” comuns da Vontade é como dizer que tipo de comida você gosta. Às vezes, dar uma provadinha, por mais “perigoso” que seja, vale mais que cem dias de meditação observando seus pensamentos.
Só que na verdade uma coisa não exclui a outra. A meditação e a observação dos pensamentos é essencial para que você consiga provar algo pelas beiradas e perceber o que sente, e desenvolver então um “pressentimento” em relação aos seus “quereres”.
Agora para encerrar este capítulo, minha resposta final da pergunta “como diferenciar…” é:
– Você não vai conseguir diferenciar sempre, e está tudo bem!
No caminho para manifestar sua Vontade você vai cair em “quereres”, vai se dar mal algumas vezes, vai se desviar e, quanto mais rápido sair do desespero e culpa disso, vai voltar à rota e/ou descobrir novos caminhos.
Você vai sentir culpa, mas vai se perdoar muitas vezes, e com isso aprender a perdoar aos outros também, isso porque você não vai sempre conseguir distinguir sua Vontade.
Ninguém consegue. Nem os que criaram sistemas para descobrir e purificar a própria Vontade conseguiram sempre: Eles também acreditaram em gente com quem brigaram depois, fizeram escolhas erradas, rituais que não deram certo, e uma ou outra vez também conheceram um pouquinho de desespero.
Isso inclui Aleister Crowley (que comprou uma mansão para um ritual que deu errado), os grandes magos da Golden Dawn, Blavatsky e até vários aqui do Oriente, afinal como você acha que as escolas de budismo esotérico tibetano ganharam mais sectos e divisões do que um formigueiro?
Isso porque a vida é cheia de desejos e quereres. O papel da mente é desejar, pedir, consumir. O nosso papel como portadores da Mente e do Espírito é harmonizar um com o outro através da Consciência.
Nossa mente não vai deixar seus desejos, e eles são essenciais na Vontade, mas não são a Vontade, e tudo bem. Agora uma última instrução à esse respeito:

O querer é essencial, mas sozinho não faz a Vontade. Da mesma forma que o risotto se faz basicamente com arroz mas não só.
Querer não basta, porque o querer mira sempre e somente o resultado. A Vontade é o que contempla o resultado, o processo, a identificação (pois faz parte de você).
Eu quero ganhar dinheiro com meu trabalho na internet, este é meu querer, é básico. Mas a minha Vontade, o meu risotto, é que eu quero fazer um trabalho espiritualista na internet, e então eu faço, aproveitando e vivendo cada detalhe do processo.
Mesmo que ainda não tenha monetizado com o Mente Magicka e continue trabalhando igual um asiático, escrevendo escondido no escritório, eu SOU este processo enquanto ele ocorre.
Escrever, ajudar quem lê, passar a mensagem, explicar, publicar, ganhar dinheiro com isso, TUDO, pois essa é a minha Vontade. Ela está em tudo que faz parte disso.

Cumpra sua Vontade, mas abençoe o seu desejo, não se arrependa dele, mesmo que tenha se enganado. Um desejo culpado é um desejo amaldiçoado, e ele ainda é parte essencial do seu espírito, da sua Vontade e do seu aprendizado aqui na terra.
Culpa e Matriz: As piores maldições
Já citei algumas vezes por aqui que a pior das maldições não acontece quando alguém usa sua foto para jogar pragas, levar no cemitério ou coisas do gênero. As defesas energéticas estando em dia, e sendo amparado pelas forças que lhe acompanham, te livram de coisas que mais servem para impressionar do que de fato para influenciar.
Influência requer ligação, geralmente presença, e presença física! Até porque vivemos no físico. Mesmo as magias de influência mais “agressivas” precisam de um link energético como algum contato ou até um laço energético mal resolvido com o alvo, qualquer coisa, ou tendem a ficar mesmo no etéreo.

Um dos caras mais “macumbados” da história, Padre Quevedo (que só acreditava no sobrenatural de sua própria religião apesar de ser excluído do clero), tinha um museu de “arte amaldiçoada” com todos os trabalhos que faziam contra ele.
Ele ria disso, e assim os exorcizava. Algumas magias servem mais para impressionar do que influenciar, ou influenciam através da impressão. Influência requer ação e presença, contato de alguma forma.
Ao contrário do Pe. Quevedo eu acredito em feitiço, aliás, eu pratico, está nas minhas características mais básicas essa fascinação com Magia, feitiçaria, fantasmas, etc.
Agora, pior que feitiço negativo, uma das piores maldições (assim como magia que volta por culpa) acontece quando nos opomos ou ferimos à Matriz onde estamos, e esta resolve nos atacar.
Seja um país, uma cultura toda (o pior dos ataques), até os menores como a empresa em que está inserido, a família com quem você mora, etc.
No caso das matrizes maiores que envolvem toda uma egrégora de país, sociedade, leis e afins, a pessoa atacada se vê sem defesas. Até mesmo os vegetais te atacam, as plantas te sugam, a comida te faz mal, e tudo é azar.
O ataque das matrizes é desproporcional, pois eles só podem ocorrer quando estamos dentro delas, e ali geralmente estamos muito expostos, vulneráveis em relação à tudo que nos cerca.
Um exemplo alegórico, esotérico, de um ataque da Matriz, nós vemos na alegoria de “queda do paraíso” ou da punição ao divino que ousou compartilhar-se com os humanos e tirá-los da ignorância.

Mesmo dentro de uma Matriz poderosíssima, ele ousou contrariar a Natureza do Divino e colocá-la no ser humano, tornando-nos participadores da árvore da vida.
Em todos os mitos luciféricos, o divino compartilhado para salvar a humanidade termina na destruição do ser “divino” como punição da Matriz em que estava então inserido, por ter ousado se doar à humanidade e inserir-nos nessa Matriz, modificando-a para sempre.
Temos vários exemplos disso em máscaras e mitos luciféricos. Alguns mais famosos incluem Samael expulso do paraíso onde pertencia e era parte importante; Prometheus, torturado e punido por ter permitido aos seres humanos ter com os deuses através do fogo da Consciência, e pasme, Jesus Cristo.
É por isso que devemos ao máximo evitar bater de frente com a Matriz quando estamos dentro dela, à menos que não tenhamos nenhuma outra escolha, pois aí significa que é o que temos de fazer, e pronto.
Para vencer uma Matriz é preciso, geralmente, primeiro se tornar independente dela, sair dela ou preparar todos os meios de saída. Só então a briga pode ser meramente válida, do contrário somos esmigalhados e nos tornamos mártires.
Este processo de estar dentro da Matriz mesmo discordando dela, se movendo para outra, geralmente é interrompido ao menor sinal de culpa por se estar destoante, alheio ou diferente.
Jovens que se destoaram da matriz colegial, dos círculos sociais, geralmente conheceram de perto a crueldade do meio, no que chamamos hoje em dia de Bullying. Mas isso acontece de diversas formas, algumas muito piores.
Por isso, até mesmo para nos adaptarmos e modificarmos nossas realidades temporárias, necessitamos forçosamente de nos livrar da culpa. A culpa nesta situação é como um sinal para a Matriz, e os seus terríveis cães de caça podem farejar este sinal de qualquer lugar.
Neste caso a culpa se manifesta como vergonha, então até mesmo para ser diferente, livre-se imediatamente da culpa por sê-lo, ou encare consequências totalmente desproporcionais.
Você pode fazer isso primeiro se aceitando e principalmente se assumindo como o que é, sem no entanto impor ou propor mudança ao meio. Quem lhe deve respeito, satisfação ou aceitação é sempre você, em primeiro lugar.
Dentro do seu círculo de energia pessoal você tem segurança, fora não, e a culpa que nesse caso se manifesta por vergonha ou nervosismo, vai forçosamente lhe levar ao caminho dos mártires, mesmo que não tenha qualquer causa importante para isso.
O verdadeiro perdão:
É impossível falar de culpa sem terminar falando de perdão. A culpa é por vezes algo enraizado demais para mudarmos só por decisão, e tende a voltar muitas vezes à nossa consciência.
O exercício, além de compreender a culpa e seus malefícios como fizemos neste artigo, deve ser se perdoar muitas vezes, por coisas presentes, passadas e futuras.
O perdão não existe quando não é primeiro e principalmente pessoal. Não adianta ser hipócrita e achar que devemos perdoar quem nos fez mal, ou quem não gostamos, pois isso é impossível sem que haja primeiro uma prática constante de auto-perdão e compreensão. E nem é tão importante assim.
Se perdoar é sempre mais difícil, repetitivo e cansativo. É mais fácil desistir de nós, nos deixarmos de lado com nossos “quereres” e “Vontades”, e seguir o fluxo imposto pelas Matrizes em que vivemos, os estímulos que nos manipulam nas mídias, e o lixo pop que nos enfiam goela à baixo, que é pior ainda no Ocidente.
Estamos rugindo nesta instrução que não faça isso. A prática da auto-compaixão é o que permite a compaixão externa, e é o mesmo com o perdão. Do contrário você não perdoa nem compreende, apenas aceita por ser inofensivo.
Toda pessoa inofensiva é hipócrita, pois quem se permite ser atacado está se atacando. Repetimos que a pessoa mais dependente de você é sempre você mesmo(a).
Sábia e portanto compassiva (por incrível que pareça) é a frase do Livro da Lei:

Se compreenda em sua imperfeição temporária, pois ela é perfeita, afinal fomos feitos assim momentaneamente.
É perfeito errar, se arrepender, reconhecer e SE perdoar. Faz parte do progresso, da maturação, do caminho de evolução que chamamos de Dharma. Errado é perturbar ou atrapalhar os poucos que assim o fazem, ou ignorar a Consciência disso.
Consciência nos permitida à duras penas pelos mártires portadores da luz nas mãos de Matrizes divinas que nem por isso deixavam de ser cruéis como a natureza.
Imperfeito é fugir deste processo, pois ninguém sai daqui sem isso, e você vai ter que voltar quantas vezes até se acostumar com a ideia? Seja perfeito como o pai que está nos céus, e uma vez que não vemos nada nos céus sem ser a imperfeição do que é possível enxergar, então assim somos, temporariamente.
Todo momento é eterno e por isso se livre da culpa imediatamente, ou se perdoe por ela e suas causas, é a única forma de amenizar o efeito disso em sua vida. E apesar de você ter todo tempo do mundo para fazer isso, se lembre…
A vida é agora, e o agora é sempre urgente.
Por incrível que pareça, sem citar diabo, trevosismo nem qualquer doidice anti-cristã (porque não é), este é um dos artigos mais Luciferianos do Mente Magicka, e espero que você tenha percebido isso, se não, tudo bem!
Se você aprendeu algo esotericamente neste artigo, espiritualmente, pessoalmente ou intelectualmente, então segue o meu trabalho, onde expreso minha Vontade.
Me segue no Instagram onde posto sobre novos textos no site, curiosidades e volta e meia um vídeo da minha própria cara falando algo que considero importante para interagir com você.
Estou procurando modos para monetizar o Mente Magicka já que escrevo no meio dos expedientes, atraso meu trabalho, deixo de dormir e fazer diversas coisas para te trazer este conteúdo, e mesmo no fim de semana fico sem tempo sequer para assistir à um vídeo.
Fora cursos e círculos que estão por vir, onde passaremos mais conhecimento e práticas detalhadas, estou pensando em um “apoia-se” ou algo do gênero. Sugestões são bem vindas.
Saiba, no entanto, que o Mente Magicka sempre será gratuito e aberto, pois é feito para você. Tome a instrução, vem comigo, segue no insta. Eu te vejo lá!
Fiat Lux!
Eu amo seus artigos. São bússolas de pura sabedoria. Obrigada por compartilhar isso com as pessoas.
Obrigado Sandra, fico feliz que goste de nosso trabalho.